Lydia Nsekera, presidente da Federação de Futebol do Burundi (FFB) e uma das poucas mulheres a liderar no mundo do futebol, foi destronada domingo por um membro do partido do poder no país.
Lydia Nsekera, de 46 anos, membro do comité executivo da FIFA, foi a única mulher a liderar uma federação de futebol até ao verão passado, quando uma outra conseguiu chegar ao topo da Federação de Futebol da Serra Leoa, Isha Johansen.
"Foi o senador Révérien Ndikuriyo que venceu a eleição com 31 em 56 votos possíveis. A presidente Lydia Nsekera obteve 25 sufrágios e registaram-se duas abstenções", precisou o secretário executivo da FFB, Jérémie Manirakiza.
Dois observadores da FIFA e da Confederação Africana de Futebol (CAF), Primo Corvarro et Foster Abega, estiveram presentes e "constataram a regularidade do escrutínio", acrescentou.
Ndikuriyo, um antigo combatente rebelde, é também presidente da "Águia Negra", uma equipa da segunda divisão da província de Makamba, no sudeste do Burundi.
A "carismática burundiana", como é conhecida, estava na presidência da FFB desde 2004, um cargo que alcançou depois de se impor a um universo "terrivelmente masculino" do futebol no país, admitiu a própria um dia.
Nsekera entrou para a história do futebol em 2012, depois de se tornar igualmente a primeira mulher do comité executivo da FIFA, um cargo que mantém por enquanto, apesar de ter falhado a reeleição para a FFB.
Um influente membro do partido do poder no Burundi "tirou-lhe" o cargo na Federação, após uma eleição que decorreu à porta fechada.
“A eleição deveria ter-se realizado desde o passado mês de fevereiro (...) mas acabou por ser protelada após a guerra entre Lydia Nsekera e Révérien Ndikuriyo, apoiado pelo seu partido", disse à agência AFP um responsável da província, sob anonimato, adiantando que "o vencedor foi o que conseguiu influenciar associações provinciais".
Lydia Nsekera, antiga basquetebolista e especialista do salto em altura, que nunca escondeu a ambição de fazer emergir as mulheres no mundo do futebol do Burundi, denunciou, no seu discurso de despedida, proferido também à porta fechada, "a intromissão da política e das questões étnicas" no futebol do país", acrescentou a fonte contactada pela AFP.