Comentário: V. Guimarães sem antídoto para um Markovic endiabrado

O líder do campeonato confirmou o bom momento que atravessa, com uma entrada forte no jogo e uma excelente primeira parte, com destaque para o sérvio Markovic, autor do golo, cujas acelerações na primeira parte estiveram na origem dos desequilíbrios na defesa minhota e nas oportunidades de golo criadas pelos “encarnados”.

O Vitória de Guimarães, arrumado no 4x5x1 flexível, que se transformava num 4x3x3 quando recuperava a bola, foi sempre uma equipa afoita, que nunca baixou demasiado as linhas, bem posicionada em campo, a defender em bloco e a sair para o ataque de forma organizada e sempre com intenção de estender o jogo até à área contrária.

A forma de estar do Vitória concedeu espaços onde a dinâmica imposta por Enzo Pérez, a atravessar grande momento de forma, e a velocidade de Markovic, Lima e Rodrigo criaram desequilíbrios, dos quais resultou apenas um golo. Marcou Markovic, aos 40 minutos, após assistência de Rodrigo e na sequência de uma bela jogada coletiva, na qual a velocidade e sentido de desmarcação do sérvio foram determinantes.

A verdade é que o Vitória não conseguiu na primeira parte arranjar um antídoto para travar o talento e a velocidade do sérvio, ao deixá-lo sem marcação direta ou mesmo zonal no último terço do campo e ao permitir que este recebesse e fizesse a rotação com a bola para embalar para a área adversária.

Quando isso acontecia, o perigo rondava a baliza de Douglas, que esteve em sério risco aos 21, 29, 32 minutos, em jogadas protagonizadas por Markovic, nas duas primeiras a oferecer ocasiões de golo a Rodrigo, em lances em que desequilibrou com a bola dominada e em velocidade, e na terceira a Sulejmani.

O Vitória criou um lance de perigo na primeira parte, aos 36 minutos, num remate cruzado de Mazoou e de ângulo reduzido que Oblak defendeu para canto.

Na segunda parte, o cariz do jogo alterou-se porque Jorge Jesus deu instruções à equipa, como, de resto tem feito esta época, para dar prioridade ao controlo do jogo, a segurar mais a bola, a trocá-la, a chamar o adversário para o tentar, depois, surpreender em transições rápidas.

A verdade é que o Benfica controlou, de facto, o jogo, baixando significativamente o ritmo e a intensidade deste, mas o Vitória nunca baixou os braços, subiu mais ainda as linhas e, se é verdade que não criou uma verdadeira oportunidade de golo na primeira parte, deixou sempre no ar alguma sensação de insegurança nos adeptos “encarnados”.

Com efeito, até pelo inconformismo do Vitória, essa sensação pairou, mas a vitória indiscutível do Benfica acabou por dar cobertura à opção de Jorge Jesus em segurar o jogo e o precioso golo de Markovic.