O Brasil pode ter tido sete anos para preparar o Mundial de futebol de 2014, mas a 100 dias do início do torneio são muitas as dúvidas sobre se a organização será o êxito prometido pelo Governo brasileiro.
A 12 de junho arranca oficialmente o Mundial de futebol que a presidente brasileira, Dilma Roussef, diz que será "a Copa das Copas".
A pensar neste calendário, a FIFA tinha dado um prazo até 31 de dezembro de 2013 para que os 12 estádios do Mundial estivessem prontos. A 100 dias do começo do torneio, cinco recintos não estão ainda prontos e o estádio de Curitiba (Arena da Baixada) arrisca mesmo o cartão vermelho: o jogo teste está agendado para 29 de março, com o recinto ainda inacabado.
"Vamos a 200 km/hora, é muito acima do limite de velocidade autorizado, mas será mesmo assim até 12 de junho", dia do primeiro jogo oficial, considerou o secretário-geral da FIFA, o francês Jérôme Valcke.
A conclusão dos estádios é a maior preocupação, de momento, da organização da prova, mas as eventuais manifestações contra os custos do Mundial, já anunciadas por movimentos sociais brasileiros, estão logo em segundo lugar.
Mesmo tendo perdido alguma força desde que fez as capas dos jornais de todo o Mundo em junho de 2013, durante a Taça das Confederações, no Rio de Janeiro, a indignação popular dos brasileiros quanto à fatura do Mundial polarizou-se em torno da campanha: "Não vai ter Copa".
Os movimentos de protesto - contra o que consideram ser "uma Copa para os ricos" - têm organizado regularmente manifestações no Rio de Janeiro e em São Paulo. Muitas degeneram em confrontos violentos: a 06 de fevereiro, um operador de câmara morreu no Rio atingido por fogo de artifício lançado pelos manifestantes.
As sondagens indicam que 80 por cento dos brasileiros, esmagadoramente contra este tipo de violência, não vão manifestar-se durante o Mundial, mas o apoio popular ao Brasil2014 tem caído: há três anos, 79 por cento dos brasileiros concordavam que o país deveria ser o anfitrião do torneio contra os 52 por cento de agora.
A perda do apoio popular explica-se em grande parte com a desilusão. À promessa inicial de que o financiamento da Copa seria 100 por cento privado seguiu-se a realidade: o contribuinte brasileiro pagará o grosso da fatura.
O Mundial também deveria trazer novas linhas de metro, redes de elétrico, novos e melhorados aeroportos. A realidade: grande parte do ambicioso plano de mobilidade urbana foi abandonado e as obras de renovação dos aeroportos não estarão prontas a tempo. No aeroporto de Fortaleza, por exemplo, será instalado um terminal provisório debaixo de uma tenda gigante.
Muitas destas questões poderão passar para segundo plano se, no plano desportivo, o Brasil juntar o título de 2014 aos outros cinco que já ganhou. E para esse objetivo, o Brasil parece mais bem preparado para fazer do Mundial um êxito.
Com um selecionador forte, Luiz Felipe Scolari, a "canarinha" conta com estrelas como Neymar (Barcelona), Thiago Silva (Paris Saint-Germain), Dani Alves (Barcelona) ou Hulk (Zenit S. Petersburgo) e, sobretudo, com uma "torcida" fanática, apostada em exorcizar os fantasmas de 1950, quando o Uruguai ergueu o troféu em pleno estádio do Maracanã.