Silvia Neid continua a ter "fome de sucesso", apesar de já ter conquistado um Mundial e dois Europeus de futebol feminino, e acharia um "desafio interessante" treinar uma equipa masculina, embora seja algo "impossível", por ser mulher.
No cargo de selecionadora da Alemanha desde 2005, Neid conquistou dois anos depois o Campeonato do Mundo, com uma vitória histórica sobre o Brasil, manteve o domínio germânico no continente europeu, que culminou com o sexto título consecutivo no Euro2013, e recentemente tornou-se na primeira figura a receber pela segunda vez o prémio FIFA para melhor treinadora.
"Tenho fome de sucesso, se não tivesse, não estaria aqui. Adoro o meu trabalho, adoro treinar e, especialmente, dá-me muito prazer e alegria treinar esta jovem equipa da Alemanha e ver como se está a desenvolver. Dá-me muito prazer", disse a alemã, de 49 anos, em declarações à agência Lusa.
Primeiro como jogadora (atuava no meio-campo e vestiu mais de 100 vezes a camisola da "Mannschaft"), agora como treinadora, Silvia Neid tem sido das figuras mais marcantes, e também com mais sucesso, do futebol feminino, mas, mesmo assim, considera "impossível" dar o "salto" para uma equipa masculina e competir ao nível da "Bundesliga" ou da Liga dos Campeões.
"Os homens treinam mulheres, e futebol é futebol, mas uma mulher treinadora numa equipa masculina não iria ser bem aceite numa primeira divisão ou ao mais alto nível. Acho que nas divisões mais inferiores seria interessante começar a experimentar e ter mulheres a treinar. Seria um bom começo", defendeu.
Para Neid, que apenas sofreu 16 derrotas desde que é selecionadora alemã, o problema não está no nível de competência, talento ou conhecimento da profissão, mas sim apenas numa questão de diferença de sexo.
"Se uma mulher treinasse uma equipa de homens, logo ao primeiro erro ou decisão seria muito mais criticada do que por exemplo um homem. Seria mais criticada apenas por ser mulher", considerou.
Além da treinadora do ano, a Alemanha também conta com a guarda-redes Nadine Angerer, que recebeu o prémio FIFA de melhor jogadora em 2013, devido às exibições que realizou no Europeu, principalmente na final, em que defendeu duas grandes penalidades no triunfo por 1-0 sobre a Noruega.
"Fui apanhada de surpresa com o prémio, não estava nada à espera. Fiquei muito nervosa quando ouvi o meu nome, mas estou muito agradecida por isso. Há dias que penso que sou a melhor guarda-redes do Mundo, outros dias nem por isso. Mas tento sempre o meu melhor", disse a capitã germânica à agência Lusa.
Aos 35 anos, e com cinco títulos Europeus e dois Mundiais no currículo, Angerer garante que continua "motivada", embora agora tenha mais preocupação em ajudar as jogadoras mais jovens a integrarem-se na seleção alemã.
"Neste momento sou a `avó´ da equipa. Não consigo falhar um jogo ou um treino e sinto-me motivada, embora agora seja diferente. No passado estava motivada, porque queria ganhar títulos e campeonatos, agora quero ajudar as jogadoras mais novas da equipa e ser um exemplo para elas", explicou.
A Alemanha está em Portugal a preparar o Campeonato do Mundo do próximo ano, que se vai realizar no Canadá, e defronta hoje o Japão na final da 21.ª edição da Algarve Cup.