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Reputação: André Villas-Boas e a sua gestão de carreira

Há treinadores de futebol cuja gestão de carreira está longe de ser a melhor. Domingos Paciência é o expoente máximo no campo das péssimas escolhas. Depois dos bons trabalhos na União de Leiria, na Académica e no Sporting de Braga, o técnico agora no mais que modesto Kayserispor turco está há três anos a defraudar as boas expectativas que criou.

Reputação: André Villas-Boas e a sua gestão de carreira

Curiosamente, a última boa época de Domingos Paciência coincidiu com o momento de glória de André Villas-Boas. Em 2010/2011, o então treinador do FC Porto conquistou quase tudo o que podia ao serviço dos azuis-e-brancos. Fê-lo com um futebol exemplar e uma extraordinária gestão do plantel. Fê-lo com método, certeza e competência. Parecia que estava lançado para conquistar o Mundo. Mas até hoje ainda não o fez.

A passagem pelo Chelsea correu mal. O fantasma do seu antigo mentor – José Mourinho – foi grande demais. Os 'pesos-pesados' do balneário nunca o aceitaram. Villas-Boas tentou fazer uma revolução contra mitos como Lampard (e, por arrastamento, o núcleo duro de José Mourinho). E falhou porque calculou mal as suas forças e não percebeu que este nunca podia ser o seu principal alvo.

O ponto mais marcante da História recente do Chelsea – os anos 'Special One' – não podia ser destruído de um momento para o outro. Como consequência, o português somou resultados dececionantes e problemas de balneário. Foram muitas imagens negativas a jogar contra a reputação com que André Villas-Boas chegou a Londres.

A passagem pelo Tottenham parecia ser uma grande oportunidade para compensar a 'partida em falso' feita ao serviço do Chelsea. Inglaterra continuava com as portas abertas através de um bom clube. O primeiro ano foi bom. O segundo terminou abruptamente. Como os últimos jogos dos 'spurs' provam, o problema não era Villas-Boas. O treinador foi mais vítima do que culpado numa estrutura onde nem todos remam para o mesmo lado. O triângulo constituído pelo presidente Daniel Levy, o diretor Franco Baldini e o treinador André Villas-Boas não funcionou harmoniosamente. O resultado foi um plantel constituído por pedidos do treinador e imposições da estrutura. No futebol, como na comunicação, a coerência e a consistência são fundamentais.

Ainda assim, novos casos na gestão do plantel – Adebayor e Assou-Ekotto, nomeadamente – mostraram nova incapacidade em gerir pessoas. O que se traduz em mais imagens incongruentes com a reputação criada no FC Porto. Ao fim de quase três temporadas, são mais os danos do que os reforços na inicialmente boa reputação de Villas-Boas. Agora que se fala na possibilidade do treinador português rumar aos russos do Zenit, o passo seguinte na carreira do técnico é absolutamente crucial.

André Villas-Boas não está em posição de arriscar. Precisa de um projeto que o reabilite. Um projeto sólido, onde tenha a confiança de toda a organização. Caso contrário, corre o sério risco de ficar associado em primeiro lugar ao insucesso (hoje ainda é lembrado com esperança, apesar de tudo). Villas-Boas não quer que a primeira coisa que venha à cabeça dos seus futuros clubes seja o fracasso. Daí que esta terceira tentativa seja importantíssima.

Quanto ao Zenit, apesar dos seus milhões e dos seus bons jogadores, é um clube que tem falta de… projeto . E um balneário difícil (basta relembrar o acolhimento que Hulk teve). Apesar de a Rússia ser uma opção com menos exposição mediática, esta é uma escolha que, a concretizar-se, tem tudo para ser problemática para Villas-Boas.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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