Cinco anos após cair no abismo, com uma descida administrativa pelo processo “Apito Final” e duas desportivas até à III Divisão, o Boavista prepara-se para regressar à Liga de futebol, na qual foi campeão em 2000/01.
De campeão nacional de futebol em 2000/01, à despromoção no âmbito “Apito Final” (verão de 2008) seguida de quedas, desportivas e consecutivas, às II e III Divisões nacionais e ao risco de extinção, a vida do Boavista tem sido feita de emoções fortes, agora alimentada pelo sonho de voltar àquela que entende ser a sua “casa”, a competição entre os “grandes”.
Em fevereiro de 2013, o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa Futebol deu provimento ao recurso do Boavista, com fundamento na prescrição do procedimento disciplinar que ditou a descida de divisão do clube, ele mesmo em reunião que foi considerada “inexistente” pelo Tribunal Administrativo de Lisboa.
Durante três décadas, o “clã” Loureiro (primeiro o pai Valentim e depois o filho João) esteve ligado ao crescimento do clube, levando-o inclusivamente à segunda fase da Liga dos Campeões em 2001/02 e às meias-finais da Taça UEFA no ano seguinte.
A fase mais negra da sua história surgiu ainda na gestão de João Loureiro: além das questões desportivas e disciplinares, o clube também foi penalizado financeiramente pela aposta da construção do novo estádio para o Euro2004.
Em momento conturbado, a família abandonou os destinos dos “axadrezados” com passivos que chegaram a rondar os 90 milhões de euros, mas João Loureiro voltou ao comando dos destinos do clube em 2013.
Os últimos anos foram de sucessivas notícias de dívidas, com vários pedidos de insolvência da sua SAD de futebol, isto depois da polémica descida de divisão na sequência de processos de alegada coação a árbitros.
O Boavista foi acusado de coação sobre a equipa de arbitragem de três jogos disputados na época de 2003/2004 - com o Benfica, Belenenses e Académica -, sendo condenado à despromoção à Liga de Honra, enquanto João Loureiro foi sancionado também com uma suspensão de quatro anos e uma multa de 25.000 euros.
O passivo do Boavista rondou os 90 milhões de euros, 30 da SAD e 60 do clube (muito por culpa das obras do novo Bessa), sendo que deste montante cerca de 14 milhões respeitavam a dívidas ao Fisco e à Segurança Social.
Falharam as tentativas para encontrar investidores, agudizando-se a situação de salários em atraso, passes de jogadores e estádio do Bessa foram penhorados, houve ameaças de greve devido a incumprimento, processos em tribunal e uma atribulada ginástica financeira que sufocaram o clube durante anos.
A dinastia Loureiro foi interrompida por Joaquim Teixeira, a 17 de novembro de 2007, substituído por Álvaro Braga Júnior, em 2008, que cedeu o lugar ao também ex-dirigente Manuel Maio (2012/13), antes do regresso de João Loureiro.
Na história do clube estão, entre outros, treinadores como José Maria Pedroto, Manuel José, João Alves, Zoran Filipovic e, obrigatoriamente, Jaime Pacheco, responsável pela conquista do único campeonato "axadrezado".
Passaram, ou nasceram no clube, jogadores como João Alves, Carlos Manuel, Diamantino Miranda, João Vieira Pinto, Petit, Nuno Gomes, Ricardo, Alfredo, Erwin Sanchez, Ion Timofte, Coelho, Litos, Paulo Sousa (defesa), Frederico, Bobó, Ricky, Rui Casaca, Latapy, Quevedo, Frederico e Jimmy Hasselbaink.
Do palmarés do Boavista fazem parte um campeonato da Liga (2000/01), cinco Taças de Portugal (1974/75, 75/76, 78/79, 91/92 e 97/97), três Supertaças (78/79, 91/92 e 97/97), um campeonato da II Liga (1936/37) e um da II Divisão B (1949/50).