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A Itália conquistou o seu terceiro título mundial de futebol em 1982, na vizinha Espanha, num percurso em crescendo marcado pelos golos de Paolo Rossi, que eliminou um “enorme” Brasil e, depois, levou tudo à frente.
Uma escorregadela do guarda-redes camaronês Thomas N’Kono terá evitado o adeus da Itália na primeira fase, mas, então, surgiu Rossi, que, com um “hat-trick”, mandou para casa Zico, Sócrates, Éder, Falcão, Cerezo ou Júnior, a melhor “canarinha” pós Pelé.
Necessitado de um empate para seguir em frente, no último jogo do Grupo 3 da segunda fase, o Brasil, sem um guarda-redes e um ponta de lança (Waldir Peres e Serginho) à altura dos restantes elementos, caiu por 3-2, num dos melhores jogos da história.
Depois de uma suspensão de dois anos, na sequência de um famoso caso de resultados combinados (tottonegócio), "Pablito" não era apontado como previsível na lista de Enzo Bearzot, mas este chamou-o e deu-lhe o "onze", uma decisão que valeu um título.
Rossi ficou em “branco” nos primeiros quatro jogos, mas, indiferente à contestação, o "mestre" Bearzot insistiu e foi premiado: o avançado da Juventus marcou os três tentos face ao Brasil, aos quais se seguiram os dois nas meias-finais (2-0 à Polónia) e o primeiro na final (3-1 à RFA), num total de seis, que lhe valeram o título de melhor marcador.
A Itália deve-lhe o terceiro cetro - depois dos conquistados em 1934 e 1938 -, que parecia impossível após uma primeira fase sem vitórias (três empates) e feliz, já que Graziani só marcou aos Camarões, porque o "intransponível" Thomas N'Kono escorregou.
O facto de ter apontado mais um tento do que os africanos valeu a passagem à segunda fase, na qual a Itália esteve em "grande", ao bater a Argentina por 2-1 (golos de Tardelli e Cabrini) e, depois, os "canarinhos".
Paolo Rossi foi, por si só, suficiente para "derrubar" a Polónia e, na final, mesmo sem Antognoni, a Itália esteve "intratável", dando-se ao luxo de falhar uma grande penalidade logo no início: Cabrini atirou ao lado.
Zoff, Scirea, Bergomi, Collovati, Gentile, Cabrini, Antognoni, Tardelli, Conti, Rossi, Graziani e Altobelli, entre outros, entraram na história, para grande alegria do então presidente italiano Sandro Pertini, um espetáculo na tribuna do Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid.
A edição de 1982 foi das melhores de sempre, com um conjunto de jogos espetaculares e surpresas, a maior o triunfo da Argélia - estreante, como Camarões, Honduras, Kuwait e Nova Zelândia - sobre a RFA (2-1, selado por Madjer e Belloumi), salva na primeira fase por 1-0 face à Áustria conveniente para ambos.
Para a galeria dos jogos memoráveis entraram ainda o embate entre a RFA e a França, das meias-finais, o primeiro da história dos Mundiais resolvido pela "lotaria" das grandes penalidades, a favor dos germânicos (5-4), que, nos 120 minutos, haviam recuperado de 1-3 para 3-3.
A excelente equipa gaulesa, com Platini, Giresse, Tigana, Bossis e Trésor, foi relegada para o jogo do "bronze", que viria a ser conquistado pela Polónia (3-2), liderada pela classe de Zbigniew Boniek.
Num mundial que foi também uma grande festa, apesar da “ausência” da Espanha - caiu na segunda fase, sem ponta de brilho -, destaque para a goleada com dois dígitos da Hungria a El Salvador (10-1) - continua como a maior de sempre.
Disputado entre 13 de junho e 11 de julho, em Barcelona, Madrid, Sevilha, Alicante, Bilbau, Corunha, Elche, Gijon, Málaga, Oviedo, Valladolid, Valência, Vigo e Saragoça, o Mundial de 1982 foi alargado a 24 seleções.
No que respeita a golos, registou-se um máximo absoluto (146, em 52 jogos, contra os 140 de 1954, em apenas 26), enquanto a média (2,80 tentos por encontro) superou as de 1974 (2,55), 1978 (2,68) e de 1962 e 1966 (2,78).
A competição começou com seis grupos de quatro, com os dois primeiros da cada a seguirem para a segunda fase, disputada em quatro agrupamentos de três seleções, passando os respetivos vencedores às meias-finais, que já incluíram a "lotaria" das grandes penalidades.
