O italiano Paolo Rossi não foi apenas o responsável pela queda de uma das mais adoradas equipas de futebol, o Brasil do Mundial de 1982, mas também de nenhum árbitro português ter dirigido a final da competição.
O “hat-trick” que o antigo avançado transalpino marcou no jogo com a seleção sul-americana não deixou apenas pelo caminho Zico, Socrates, Falcao e Eder, mas também o árbitro português António Garrido, que parecia destinado a dirigir o jogo decisivo se o Brasil lá conseguisse chegar.
“Durante o campeonato, tudo indicava que seria o árbitro da final, desde que o Brasil fosse à final. Estava no hotel, juntamente com os outros árbitros, quando invadiram o hotel e, já na parte final, fui mudado para outro local, no sentido de me resguardarem”, lembrou António Garrido à agência Lusa.
Com o que a organização da prova realizada em Espanha e a grande favorita à conquista do troféu não contava era com a pontaria afinada de Paolo Rossi, que marcou os três golos da Itália na vitória por 3-2 no último jogo da segunda fase de grupos, na inesperada caminhada para o título.
“Tudo indicava que o Brasil ganharia. Acabou por perder, foi eliminado e, a partir desse momento, uma vez que o Brasil não ia à final, acabou por ir à final um árbitro brasileiro”, recordou o antigo juiz internacional.
António Garrido, que se tinha estreado na prova arbitrando o clássico Inglaterra-França (3-1), teve de resignar-se ao jogo para a disputa da medalha de bronze, entre a Polónia e França, que os polacos ganharam por 3-2.
“Acabei por me limitar a fazer o jogo do terceiro e quarto lugares. Estava em grande forma, era considerado um dos melhores, senão o melhor, árbitro mundial nessa altura. Acabei por ter azar e não ir à final”, lamentou.
Apesar de ter sido o primeiro português a arbitrar a final da Taça dos Campeões e de ter dirigido uma meia-final do Europeu, António Garrido não hesita em qualificar a presença na fase final do Mundial como “o ponto alto da carreira de um árbitro”.
Quatro anos antes, na Argentina, António Garrido tinha-se estreado nos palcos do Campeonato do Mundo, arbitrando o primeiro jogo da seleção anfitriã, com a Hungria (vitória dos sul-americanos por 2-1), que o juiz português tinha expectativa de não ser o último.
“O primeiro Mundial é sempre bastante gratificante para um árbitro. O jogo correu-me bem, apesar das duas expulsões que fiz a dois jogadores húngaros no final da partida. Esperava ter ido mais longe... não consegui”, assinalou.