Quando assistia a Mundiais de futebol, Di Stefano podia "torcer" por três seleções - Argentina, o país onde nasceu, Colômbia e Espanha, por quem depois se naturalizou o maior símbolo do futebol dos anos 50 e 60.
Antes de Maradona e Messi, ele foi o grande astro da seleção alviceleste, sem ter conseguido no entanto jogar uma só vez em fases finais do Mundial. A "maldição" perseguiu-o depois, já como colombiano e espanhol.
Alfredo di Stefano Laulhé, nascido em Barracas (Buenos Aires) em 1926, acabara de fazer 88 anos na passada sexta-feira. Um dia depois sentiu-se mal, no almoço comemorativo do seu aniversário, e acabou por não superar, desta vez, os problemas cardíacos a que já se habituara.
Di Stefano morreu hoje em Madrid, cidade onde viveu as maiores honras como jogador, entre 1953 e 1964, destacando-se as cinco vitórias consecutivas na Taça dos Campeões Europeus e os oito campeonatos nacionais, como "merengue".
Alcunhado desde os tempos do futebol argentino de "Flecha Loura", Di Stefano já trazia dois títulos de campeão com o River Plate, ainda nos anos 40, e quatro pelos Millonarios de Bogotá, numa carreira que teve muitos mais altos que baixos.
Na Argentina, só jogou pelo River Plate e pelo Huracán (por empréstimo), saindo do país em 1949, com uma transferência milionária para o futebol colombiano, decididamente encantado com o melhor jogador argentino do campeonato sul-americano de 1947.
Di Stéfano foi o melhor jogador desse torneio, apesar dos "tenros" 21 anos. Para sua infelicidade e da seleção argentina, os Mundiais de futebol não se realizaram entre 1938 e 1950 e já não voltou a vestir a camisola da seleção azul e branca.
A sua "maldição da Copa" manteve-se na Colômbia e, sobretudo, com "La Roja", a partir de 1957. O maior goleador de Espanha até Butragueño esteve no falhanço da qualificação de 1958 e depois em 1962 lesionou-se antes do torneio que teve lugar no Chile.
Tudo era diferente com a camisola branca do seu clube do coração, o Real Madrid, onde os sucessos se somavam, numa equipa lendária e recheada de estrelas, em que ele era a maior. A distinção individual chegou com as duas conquistas da "Bola de Ouro".
"Um jogo que acaba 0-0 é como um domingo sem sol", dizia o artilheiro que "faturou" 928 golos, só com a camisola "merengue", a que mais duradouramente serviu.
Não viria a terminar a carreira na capital, já que com 38 enveredou por um breve epílogo de duas épocas em Barcelona - claro ao serviço do histórico rival, mas do Espanyol.
Aos 40 anos o "Flecha Loura" já tinha perdido grande parte do cabelo que o tornava tão facilmente identificável no relvado e a velocidade e o drible não eram o que se pretendia. Em 1966 era o momento de parar.
Ciente da importância do trabalho coletivo - "nenhum jogador é tão bom como todos juntos" - e competitivo como poucos - "as finais não se jogam, ganham-se" -, com naturalidade foi escolhido como um dos jogadores do século, aparecendo na lista da associação mundial de estatística (IFFHS) só passado por Pelé, Maradona e Cruijff.
Arrumadas as chuteiras, Don Alfredo continuou por Espanha e quis ser treinador. Orientou equipas entre 1967 e 1991, quase sempre em Espanha, com duas exceções bem sucedidas na Argentina e outra totalmente para esquecer em Portugal, com o Sporting.
Em Espanha, só em 1982 chegou ao Real Madrid, nunca conseguindo no banco os títulos "merengues" que protagonizou no relvado. O seu melhor período foi o de treinador do Valência, ainda no início dos anos 70, coroado com o campeonato de 1971.
Já tinha sido campeão na Argentina pelo Boca Juniors, em 1969, e seria de novo em 1981 com o River Plate, o seu primeiro clube - um dos triunfos mais saborosos, que justamente lhe abriu a porta para "mister" do Real Madrid.
De Portugal é que não guarda grandes saudades: a sua brevíssima passagem por Lisboa, como treinador do Sporting, no arranque da época 1974/75, saldou-se por números "negros".
Em finais de julho de 1974 João Rocha contratou-o e a tarefa não era fácil, já que consistia em "agarrar" na equipa que fora campeã nacional e vencedora da Taça de Portugal, além de semifinalista da Taça das Taças.
Depois de uma pré-época incrivelmente má, o Sporting - que tinha como grande estrela outro argentino, Yazalde - volta a ficar sem treinador. Di Stefano durou pouco mais de um mês e bateu com a porta, com João Rocha a acusá-lo de ser "um turista malcriado".
Depois da época de 1990/91, a sua segunda e última como treinador "merengue", Di Stefano parou mesmo a sua ligação direta com o futebol. Estava com 65 anos e a reforma fazia todo o sentido.
No jardim da sua casa de Madrid, mandou erigir uma estátua representando uma bola de futebol, com a inscrição "Gracias, vieja!" (Obrigado, velha!), que é justamente o título da sua autobiografia, publicada em 2000.
Cumulado de honrarias nos últimos anos - Hall of Fame do futebol, presidente honorário do Real Madrid, membro do FIFA 100 -, sempre manteve o gosto pela capital espanhola e pelo distrito de Chamartín, o do estádio Santiago Bernabéu.
Foi lá que sofreu a fatal paragem cardíaca, quando saía de um restaurante na rua Juan Ramón Jimenez, a dois quarteirões do "seu" estádio.Antes de Maradona e Messi, ele foi o grande astro da seleção alviceleste, sem ter conseguido no entanto jogar uma só vez em fases finais do Mundial. A "maldição" perseguiu-o depois, já como colombiano e espanhol.
Alfredo di Stefano Laulhé, nascido em Barracas (Buenos Aires) em 1926, acabara de fazer 88 anos na passada sexta-feira. Um dia depois sentiu-se mal, no almoço comemorativo do seu aniversário, e acabou por não superar, desta vez, os problemas cardíacos a que já se habituara.
Di Stefano morreu hoje em Madrid, cidade onde viveu as maiores honras como jogador, entre 1953 e 1964, destacando-se as cinco vitórias consecutivas na Taça dos Campeões Europeus e os oito campeonatos nacionais, como "merengue".
Alcunhado desde os tempos do futebol argentino de "Flecha Loura", Di Stefano já trazia dois títulos de campeão com o River Plate, ainda nos anos 40, e quatro pelos Millonarios de Bogotá, numa carreira que teve muitos mais altos que baixos.
Na Argentina, só jogou pelo River Plate e pelo Huracán (por empréstimo), saindo do país em 1949, com uma transferência milionária para o futebol colombiano, decididamente encantado com o melhor jogador argentino do campeonato sul-americano de 1947.
Di Stéfano foi o melhor jogador desse torneio, apesar dos "tenros" 21 anos. Para sua infelicidade e da seleção argentina, os Mundiais de futebol não se realizaram entre 1938 e 1950 e já não voltou a vestir a camisola da seleção azul e branca.
A sua "maldição da Copa" manteve-se na Colômbia e, sobretudo, com "La Roja", a partir de 1957. O maior goleador de Espanha até Butragueño esteve no falhanço da qualificação de 1958 e depois em 1962 lesionou-se antes do torneio que teve lugar no Chile.
Tudo era diferente com a camisola branca do seu clube do coração, o Real Madrid, onde os sucessos se somavam, numa equipa lendária e recheada de estrelas, em que ele era a maior. A distinção individual chegou com as duas conquistas da "Bola de Ouro".
"Um jogo que acaba 0-0 é como um domingo sem sol", dizia o artilheiro que "faturou" 928 golos, só com a camisola "merengue", a que mais duradouramente serviu.
Não viria a terminar a carreira na capital, já que com 38 enveredou por um breve epílogo de duas épocas em Barcelona - claro ao serviço do histórico rival, mas do Espanyol.
Aos 40 anos o "Flecha Loura" já tinha perdido grande parte do cabelo que o tornava tão facilmente identificável no relvado e a velocidade e o drible não eram o que se pretendia. Em 1966 era o momento de parar.
Ciente da importância do trabalho coletivo - "nenhum jogador é tão bom como todos juntos" - e competitivo como poucos - "as finais não se jogam, ganham-se" -, com naturalidade foi escolhido como um dos jogadores do século, aparecendo na lista da associação mundial de estatística (IFFHS) só passado por Pelé, Maradona e Cruijff.
Arrumadas as chuteiras, Don Alfredo continuou por Espanha e quis ser treinador. Orientou equipas entre 1967 e 1991, quase sempre em Espanha, com duas exceções bem sucedidas na Argentina e outra totalmente para esquecer em Portugal, com o Sporting.
Em Espanha, só em 1982 chegou ao Real Madrid, nunca conseguindo no banco os títulos "merengues" que protagonizou no relvado. O seu melhor período foi o de treinador do Valência, ainda no início dos anos 70, coroado com o campeonato de 1971.
Já tinha sido campeão na Argentina pelo Boca Juniors, em 1969, e seria de novo em 1981 com o River Plate, o seu primeiro clube - um dos triunfos mais saborosos, que justamente lhe abriu a porta para "mister" do Real Madrid.
De Portugal é que não guarda grandes saudades: a sua brevíssima passagem por Lisboa, como treinador do Sporting, no arranque da época 1974/75, saldou-se por números "negros".
Em finais de julho de 1974 João Rocha contratou-o e a tarefa não era fácil, já que consistia em "agarrar" na equipa que fora campeã nacional e vencedora da Taça de Portugal, além de semifinalista da Taça das Taças.
Depois de uma pré-época incrivelmente má, o Sporting - que tinha como grande estrela outro argentino, Yazalde - volta a ficar sem treinador. Di Stefano durou pouco mais de um mês e bateu com a porta, com João Rocha a acusá-lo de ser "um turista malcriado".
Depois da época de 1990/91, a sua segunda e última como treinador "merengue", Di Stefano parou mesmo a sua ligação direta com o futebol. Estava com 65 anos e a reforma fazia todo o sentido.
No jardim da sua casa de Madrid, mandou erigir uma estátua representando uma bola de futebol, com a inscrição "Gracias, vieja!" (Obrigado, velha!), que é justamente o título da sua autobiografia, publicada em 2000.
Cumulado de honrarias nos últimos anos - Hall of Fame do futebol, presidente honorário do Real Madrid, membro do FIFA 100 -, sempre manteve o gosto pela capital espanhola e pelo distrito de Chamartín, o do estádio Santiago Bernabéu.
Foi lá que sofreu a fatal paragem cardíaca, quando saía de um restaurante na rua Juan Ramón Jimenez, a dois quarteirões do "seu" estádio.