David Blanco, o recordista de vitórias na Volta a Portugal em bicicleta, apontou os compatriotas espanhóis Gustavo Cesar Veloso e Delio Fernandéz como os potenciais sucessores de Alejandro Marque no palmarés de vencedores.
Dir-se-ia que é uma questão de amigos. David Blanco venceu a quinta Volta, desempatou o número de triunfos com Marco Chagas, aposentou-se e, no ano passado, animou Marque serra acima rumo à Torre, na véspera do seu melhor amigo assegurar a vitória na maior prova velocipédica nacional.
Este ano, o galego, que vai ser motorista dos convidados da organização, não resistiu a indicar o nome de dois bons amigos para prolongar os resultados do clã na prova.
“Para o Veloso, penso que a Volta pode ser algo dura de mais e que podem pesar mais os problemas dentro da equipa do que outra coisa. O Delio está a subir de nível de ano para ano e tem muita ilusão, apesar de tudo, por isso penso que este pode ser o seu ano”, disse à agência Lusa, sem nunca especificar os atrasos no pagamento de salários que são de conhecimento geral.
Sobre outro velho conhecido, o homem que lhe sucedeu no palmarés em 2011, Blanco hesitou.
“O Ricardo [Mestre] tanto pode estar muito mal como muito bem. É um bom amigo, mas emocionalmente é demasiado vulnerável. Penso que só regressando a Tavira [a equipa na qual os dois foram colegas] chegará outra vez o seu nível”, disse.
Aos 39 anos, o galego, que agora trabalha na Guiné-Equatorial, olha para o pelotão português que tão bem conhece e não consegue ver Rui Sousa ganhar a Volta a Portugal.
“Realmente não sei o que pode fazer, é uma total incógnita. O seu rendimento durante o ano foi muito baixo, mas na Volta sempre aparece e aparecerá, o que já não sei é até onde pode chegar”, analisou.
As mesmas dúvidas são-lhe suscitadas pelo outro líder da Rádio Popular-Onda, Daniel Silva, um ciclista que tem “muita qualidade”, mas a quem falta “a vontade de querer ganhar”.
“Isso acaba por fazer com que se conforme com lugares bons. É demasiado conformista, penso que pode fazer muito mais”, assegurou à Lusa.
Quanto aos líderes da LA-Antarte, Blanco não vê “ninguém com capacidade de ganhar a Volta”, mas, caso tivesse que escolher, apostaria em Edgar Pinto, devido ao traçado montanhoso desta edição, e excluiria o seu vice em 2012, Hugo Sabido, porque “demonstra, ano após ano, que na alta montanha acaba por falhar sempre algum dia”.
Para o penta-campeão da prova rainha do calendário nacional, nenhum “estrangeiro” ameaçará o reinado das equipas portuguesas, nem mesmo nomes como Luis Leon Sanchéz (Caja Rural) ou Stefan Schumacher (Christina Watches-Kuma).
“Luisle e Schumacher não sabem onde se estão a meter. Calor, velocidade e, sobretudo, a montanha acabarão por fazer com que a única coisa que possam discutir seja alguma etapa ou o crono. Desde 2006 que nenhum ‘estrangeiro’ ganha a Volta e não penso que isso mude este ano”, defendeu.
A 76.ª Volta a Portugal arranca na quarta-feira, em Fafe, e termina a 10 de agosto, em Lisboa.