O invisível Luis Léon Sánchez, segundo classificado da geral, começa a preocupar seriamente os adversários “portugueses”, que desejam que o espanhol da Caja Rural tenha um dia mau na Torre.
“Andamos todos esquecidos dele e ele no contrarrelógio é um dos melhores do Mundo”, alertou o experiente Rui Sousa, que ainda no ano passado perdeu a amarela para Alejandro Marque no “crono final”.
Com quatro títulos de campeão espanhol de contrarrelógio, “Luisle” é um perigo iminente, até porque, como recorda o chefe de fila da Rádio Popular-Onda, “ele anda tranquilo”.
“Parece ir sempre confortável, embora entenda que ele é possante, mais pesado e, por isso, coloca mais watts do que nós que somos todos magrinhos. Mas, quando está a subir, nota-se que vai muito bem, mas a Torre é uma subida à parte. Se ele conseguir chegar com os primeiros lá acima, será o principal favorito”, assumiu Sousa, um fã incondicional da etapa na Serra da Estrela.
Terceiro classificado na Volta em quatro ocasiões, o nono da geral nesta edição considera que Léon Sánchez pode perder “facilmente cinco, seis minutos na Torre, porque são 30 quilómetros”.
A aparente facilidade com que segue na roda dos outros candidatos, sem nunca ir ao choque, nem revelar sinais de sofrimento é preocupante, segundo Hernâni Broco: “Ele não demonstra muitos sinais de fadiga. Está muito bem. Esteve 21 dias concentrado em altitude. No início pensava-se que estava aqui para preparar a Vuelta, que faria umas etapas e iria para casa. Mas depois viu que estava na discussão da Volta e acabou por ficar”.
Por isso, o ciclista do Louletano-Dunas Douradas vê o espanhol como “um sério candidato” a ganhar a 76.ª edição da prova, “se a Serra não criar surpresas”.
“Ele vai andando por perto, não descola, mas estou esperançoso que perca tempo na Torre”, confessou à Agência Lusa Edgar Pinto (LA-Antarte), o terceiro da geral, que pensa que, “se estivesse com um minuto de vantagem para ele”, talvez se conseguisse defender.
A Torre, que aparece temível na sétima etapa, que, na quinta-feira, percorre 172,5 quilómetros entre Belmonte e o ponto mais alto de Portugal continental, é a palavra comum entre todos, como essencial para derrotar “Luisle”.
“É o rival mais duro, por causa do contrarrelógio, mas ainda está aí a Torre, que vai fazer diferença”, reconheceu o camisola amarela.
Gustavo Veloso assume que, como a Volta a Portugal está hoje, o ciclista da Caja Rural pode conquistar a amarela final.
“Nem sei quanto tempo precisaria no contrarrelógio [para segurar a amarela]. Nunca há uma margem de tranquilidade, porque pode acontecer muita coisa. Um furo, uma queda. Quanto mais, melhor”, frisou o homem da OFM-Quinta da Lixa.
Mais comedido, Ricardo Mestre disse à Lusa que neste momento o espanhol é apenas mais um a estar na discussão, mas admitiu que se Léon Sánchez sobreviver à Torre “é um grande favorito”.
O líder da Efapel-Glassdrive lançou ainda um aviso: “Ninguém ganha a Volta a atacar nos primeiros dias”.