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O enorme ‘choque de egos’ entre Jorge Jesus e José Mourinho

Foi o acontecimento fora das quatro linhas que marcou a última semana. Mourinho e Jesus envolveram-se numa troca de palavras que parece ter sido terminada pelo segundo. Pelo meio, dois dos maiores egos do futebol nacional esgrimiram argumentos duros, mostrando ‘backgrounds’ e objetivos muito diferentes na relação com a modalidade, além de uma vontade declarada em reclamar o título de melhor treinador português.

O enorme ‘choque de egos’ entre Jorge Jesus e José Mourinho
Futebol 365

São normais os choques de realidade entre pessoas que viveram em contextos sociais e profissionais completamente distintos. Mourinho nunca teve carreira relevante enquanto jogador profissional e envolveu-se no futebol como tradutor e/ou adjunto de figuras como Bobby Robson e Louis Van Gaal. Só no ano 2000 (há precisamente 14 anos) assumiu o cargo de técnico principal do Benfica, ascendendo paulatinamente e afirmando-se como um dos treinador mais reputados e titulados do futebol nacional e internacional.

Jorge Jesus nunca foi um futebolista de alta tarimba, mas conseguiu uma carreira mediana enquanto profissional, tendo depois ascendido na ‘hierarquia’ do futebol nacional. Está no Benfica desde 2009 e, apesar de não agradar a ‘Gregos e Troianos’, a verdade é que esta tem sido a melhor fase das águias desde a década de 80.

«Tenho muito orgulho na minha carreira de treinador. Comecei de baixo, sempre a pensar pela minha cabeça. Não quero polémicas, até para o bem do futebol português», disse o técnico do Benfica, numa das respostas endereçadas a José Mourinho.

Se José Mourinho é olhado com desconfiança por outros treinadores que tiveram carreira relevante no futebol profissional (entre eles Pep Guardiola), Jorge Jesus pode ser acusado de alguma inconsequência – coloca as suas equipas a jogar bom futebol, mas nem sempre consegue chegar aos títulos – e também de nunca ter conseguido afirmar-se como treinador de uma equipa europeia da tarimba de Chelsea, Inter de Milão ou Real Madrid.

Um dos problemas de Jorge Jesus pode ser mesmo a sua incapacidade para comunicar numa língua estrangeira. Talvez por isso, José Mourinho tenha feito questão de referir os tão bem conhecidos problemas gramaticais de Jorge Jesus, alguns deles com inegável ‘buzz’ nas redes sociais.

«Eu limito-me à minha identidade própria. Não leio Dumas. Tenho uma vida diferente, um nível cultural diferente, procuro educar-me para mais tarde não ser acusado de andar aos pontapés e a agredir a pobre gramática», respondeu o ‘Special One’. Talvez tenha ido um pouco longe demais ao abandonar o tema da conversa e a tocar numa incapacidade de Jorge Jesus, ou não?

No meio de tudo isto, o ponto fulcral da conversa nem foi Talisca. Se por Inglaterra se garante que o médio brasileiro, ex-Bahia, era alvo de José Mourinho e só não rumou ao Chelsea porque a Federação Inglesa exige internacionalizações aos extra-comunitários, Jorge Jesus parece convicto de que «conheciam tanto o Talisca como ele o D’Artagnan», defendendo ainda uma das suas bandeiras: o conhecimento muito profundo do mercado sul-americano.

Já Mourinho deixou claro que, ao contrário de Jorge Jesus, conseguiu construir uma equipa do FC Porto com muitas caras portuguesas (Paulo Ferreira, Maniche, Ricardo Carvalho, Deco, Costinha) e que foi a ‘espinha dorsal’ da seleção de Portugal durante vários anos. Jorge Jesus, pelo contrário, é acusado de ignorar valores portugueses como Nélson Oliveira, Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro, Hugo Vieira e outros mais.

Jesus aproveitou ainda para abordar, embora ao de leve, um dos momentos mais sombrios de José Mourinho nos últimos tempos. A saída pouco titulada do português do comando técnico do Real Madrid e com uma relação algo desgastada com Cristiano Ronaldo. ‘Mou’ não quis ‘tapar o sol com a peneira’ e assumiu que não mantém qualquer tipo de contacto com o Bola de Ouro.

Finalmente, ontem, Jorge Jesus colocou uma pedra sobre o assunto e decidiu terminar a troca de palavras com José Mourinho, mostrando inteligência. Não será de esperar uma resposta do ‘Special One’, muito menos uma resposta áspera.

Em suma, foi uma troca de palavras interessante e que dominou o jogo fora das quatro linhas na última semana. Os protagonistas foram, a meu ver, os dois melhores treinadores portugueses da atualidade. Cada um à sua maneira.

Endereço Eletrónico: bmltspf@hotmail.com

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