FC Porto: ‘Rotação’ e ‘Rotina’ não são dois conceitos incompatíveis

Na edição deste sábado do jornal desportivo O Jogo, na sua coluna ‘Planeta do Futebol’, Luís Freitas Lobo aborda esta questão com algum pormenor e os argumentos expostos pelo comentador desportivo parecem ir de encontro àquilo que representa a filosofia que Lopetegui está a tentar implementar.

Freitas Lobo fala na AS Roma e na forma como Rudi Garcia tem conseguido implementar um modelo de rotação constante numa equipa que vai liderando a Série A (a par da Juventus) e que se estreou na fase de grupos da Champions League com um resultado volumoso frente ao CSKA Moscovo (5-1), bicampeão da Rússia.

De partida para partida, Rudi Garcia tem alterado uma média de cinco jogadores e os resultados são impecáveis: a AS Roma só sabe vencer em jogos oficiais (quatro na Série A e um na Champions League). Pelo contrário, Lopetegui segue na Primeira Liga com três empates consecutivos, um deles frente ao Boavista (0-0), equipa que chegou à elite proveniente do Campeonato Nacional de Seniores.

Afinal, o que distingue o FC Porto da AS Roma?

Se na AS Roma a rotação de jogadores também é uma filosofia assumida, os diferentes atletas que vão ocupando uma posição parecem saber com clareza o papel que lhes cabe. Na prática, jogue Destro ou Totti, jogue Iturbe ou Gervinho, jogue Keita ou De Rossi, todos eles sabem detalhadamente aquilo que lhes é suposto. Em suma, há uma ideia de jogo definida e papéis que devem ser cumpridos à risca por diferentes intérpretes.

É aqui que tem falhado Julen Lopetegui. Apesar de possuir uma enorme qualidade de diferentes intervenientes para cumprir um mesmo papel, ainda não parece ser aliada à rotação uma postura de rotina. Ontem, no Sporting-FC Porto (1-1), o meio-campo da primeira parte, formado por Ruben Neves e Casemiro, mostrou exatamente isso. Existe qualidade e uma ideia de jogo, mas quem o pretende executar ainda não interiorizou aquilo que deve fazer para ajudar a equipa.

Por isso, não é claro se Casemiro deve jogar a trinco ou se Ruben Neves deve ter mais liberdade para chegar à área com o seu remate forte. Não é claro se Brahimi deve apostar nas alas ou no centro – este FC Porto continua a apostar em demasia no jogo pelas alas! E Oliver? Onde renderá mais: no centro ou nas alas? Não é também claro se Quaresma deverá assumir o papel de titular ou de desestabilizador vindo do banco de suplentes. E Adrián? Será que Lopetegui continuará a colocar o ex-Atlético Madrid nos extremos do terreno, quando ele joga claramente melhor numa zona mais central? E existe espaço para Adrián numa zona mais central? Não? Então não deveria ter sido contratado!

São todas questões que já deveriam estar mais clarificadas nesta fase da época e que não se podem arrastar por muito mais tempo. É que a qualidade existe, isso é certo. Ontem, as entradas de Oliver e Tello agitaram por completo a partida e tornaram o FC Porto muito mais perigoso no segundo tempo. Mas pede-se mais rotina dentro da rotação. Mais papéis partilhados entre diversos intervenientes que fazem parte do plantel azul e branco.

Neste momento, o FC Porto é uma espécie de puzzle por montar. Caberá a Lopetegui encontrar a melhor forma de o fazer. Só assim a sua filosofia poderá ser aprovada. É que, sem resultados práticos, nenhuma teoria é levada a sério.

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