Fernando Pires e João Lanzinha, duas antigas glórias do Sporting da Covilhã, consideraram hoje improvável que os serranos ganham no sábado ao Benfica, na terceira eliminatória da Taça de Portugal, mas frisaram que não há impossíveis no futebol.
Os dois antigos jogadores faziam parte do plantel do Sporting da Covilhã que em 1957 disputou a final da Taça de Portugal com o Benfica, numa altura em que os "serranos" tinham "mais estatuto".
Depois de cinco temporadas no Benfica, Fernando Pires, hoje com 82 anos, veio para o Covilhã ganhar mais do dobro do vencimento, em troca de Domiciano Cavém.
Vestiu a camisola dos "leões da serra" sete épocas. A 02 de junho de 1957 foi o autor do único golo dos "serranos" no Jamor. Isolado frente a Bastos, teve o empate nos pés, mas desperdiçou e ao cair do pano as "águias" marcariam o terceiro.
"Foram tempos de glória. Na altura, o Covilhã impunha respeito, independentemente do campo onde ia. Havia o poder económico dos lanifícios e isso permitia ter grandes jogadores, como o Rita, o Suarez, o Cabrita, o Cavém, o Martín", recordou Pires à agência Lusa.
Nessa época, em que os "leões da serra" militavam no principal escalão do futebol nacional, entre os maiores, "havia mais interesse pelo futebol". O Estádio Santos Pinto, conta, enchia, os jogadores conviviam com os adeptos e eram acarinhados na cidade.
"Hoje não noto tanto empolgamento à volta do clube", lamentou o antigo médio interior e depois extremo esquerdo.
Sábado vai assistir ao jogo entre as duas formações com o neto. "Gosto dos dois clubes. Como o empate não serve, gostava que o Covilhã ganhasse, só que é muito difícil, embora não seja impossível, porque no futebol tudo pode acontecer", acentuou.
"Se o Covilhã conseguir marcar primeiro, se cometer menos erros... Mas tenho muitas dúvidas. O querer não chega", acrescentou Pires, para quem "o Covilhã hoje não tem o peso de outros tempos".
Lesionado na final, João Lanzinha viu o jogo da bancada do Estádio Nacional e não em campo ao lado de Amílcar Cavém, no eixo da defesa, como era habitual.
"Foi um dia memorável. Não é um campo acessível a todas as equipas, só as privilegiadas lá jogam", considerou. "O Covilhã era uma equipa com mais estatuto. A cidade tinha uma situação económica boa, os industriais de lanifícios eram os dirigentes do clube e conseguiam ter cá jogadores que hoje não seria possível", sublinhou à Lusa o antigo central, que jogou 18 anos com a camisola dos serranos.
Atualmente, Lanzinha, 81 anos, entende que "a diferença entre ambas as equipas é maior". "Hoje há maior desequilíbrio, a desproporção é maior, mas até podem vir a conseguir um resultado positivo e dificultar ao máximo a vida ao Benfica. No futebol não há impossíveis", comentou, enquanto vê a equipa correr à volta do campo e recorda: "Fiz isto milhares de vezes".
O Benfica, campeão nacional, vencedor da Taça de Portugal e líder isolado do campeonato, disputa sábado com o Sporting da Covilhã, nono classificado da II Liga, a terceira eliminatória da Taça de Portugal no Complexo Desportivo da Covilhã, às 19:45.
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