Não é normal mas, à décima jornada, ainda que de forma provisória, o Vitória de Guimarães, corretamente designado por Vitória Sport Clube, vai liderando a Primeira Liga. Desde 2011, ano em que chegou ao ‘Berço de Portugal’, Rui Vitória deixou claro que tentaria ganhar apenas com as armas à sua disposição, na maioria jovens. O trabalho tem sido árduo, mas certamente recompensante.
Na antevisão da visita ao reduto do Nacional, domingo, pelas 16 horas de Lisboa, Jorge Jesus revelou-se pouco surpreendido com a campanha do Vitória de Guimarães, considerando normal a ascensão de um ‘outsider’ todas as épocas, deixando elogios à turma de Rui Vitória, mas também ao Paços de Ferreira, com o regressado Paulo Fonseca.
E ainda bem que é assim. Após alguns anos de um ombro a ombro exclusivo entre Benfica e FC Porto, que terminavam a época com um largo fosso para os demais perseguidores, a chegada de Bruno de Carvalho aproximou novamente o Sporting de águias e dragões, embora os leões ainda não tenham confirmado este recente equilíbrio com títulos.
A ascensão de outras equipas, como aconteceu na época passada com o Estoril-Praia, e como está agora a acontecer com Vitória de Guimarães e Paços de Ferreira, apenas valoriza a Primeira Liga. Resultados como a goleada do Vitória SC ao Sporting (3-0), no fim-de-semana passado, aumentam bastante o interesse dos adeptos e da comunicação social em qualquer campeonato. O motivo é simples: a exceção à regra é sempre notícia.
Assim está a ser com Vitória de Guimarães e Paços de Ferreira (Primeira Liga), com o Southampton (Premier League), com Sevilha e Valência (Liga BBVA) e até com Sampdoria e Génova (Série A).
Mas o Vitória de Guimarães tem o mérito de conseguir fazer este brilharete com parcos recursos financeiros, que são contornados com uma excelente observação de jovens valores oriundos de divisões inferiores, de uma boa interligação entre as equipas A e B, e também da captação de jogadores africanos: baratos, mas com um excelente potencial.
João Afonso tem dado nas vistas no eixo da defesa e foi ‘lançado às feras’ diretamente do Benfica Castelo Branco, clube onde foi formado e jogava na equipa principal há seis épocas. Situação semelhante aconteceu com os médios Alex e Bruno Alves, tal como com o avançado Hernâni, que em 2012 jogava no Atlético. Sem esquecer Ricardo Gomes, ex-Vizela.
Mas a escola vimaranense também produz excelentes valores, que não têm sido desperdiçados por Rui Vitória. São os exemplos de Josué Sá, que ainda ontem faturou na vitória forasteira em Arouca (1-2). São também os casos do ganês Bernard e de Tomané, duas unidades em evidência no ataque dos minhotos.
O Vitória de Guimarães incute ainda no seu jogo alguma irreverência e força africana, da qual faz parte Bernard, mas também Nii Plange, Bouba Saré e Adama Traoré.
Uma verdadeira lufada de ar fresco na Primeira Liga e que mostra ser possível construir uma equipa que aproveita simultaneamente a formação, os valores que se destacam em divisões inferiores, o trabalho das equipas B e os jogadores ‘perdidos’ em campeonatos de menor expressão.
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