O ex-selecionador português de futebol Paulo Bento considerou hoje que "a motivação de um jogador sobrepõe-se a qualquer tática", lembrando que, "independentemente da idade, quem não tem paixão pelo que faz não vai trabalhar bem".
Numa das primeiras intervenções públicas desde que abanou o comando da seleção lusa, Paulo Bento participou no workshop "Treino de Futebol - Conceções e Práticas", organizado pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Perante um auditório repleto, o técnico evitou particularizar a sua experiência como selecionador, generalizando as suas respostas perante as perguntas dos participantes.
"É fundamental um jogador estar motivado e concentrado na tarefa que vai desempenhar no jogo. É algo que se sobrepõe à parte tática, mas claro que nenhuma equipa consegue sobreviver sem organização", considerou o treinador, aplicando esta ideia para todas as idades.
"Tanto os mais novos como os mais velhos, se não estiverem motivados e com prazer, dificilmente vão trabalhar bem onde quer que seja", disse Paulo Bento, acrescentando: "Os jogos ganham-se muitas vezes por questões motivacionais, por atitude e intensidade".
O treinador considerou, ainda, que "é um erro pensar que para criar surpresa no adversário é preciso mudar de sistema de jogo", defendendo que "se pode criar surpresa jogando com o mesmo sistema, embora recorrendo a jogadores diferentes".
Numa das raras vezes em que abordou a prestação da seleção portuguesa no último campeonato do mundo, Paulo Bento respondeu à questão sobre a utilidade dos jogadores polivalentes.
"Levei alguns, como é o caso do André Almeida, que pode jogar à esquerda e à direita, mas também tínhamos dois jogadores do centro do meio-campo que podiam fazer as laterais", referiu Paulo Bento, concluindo: "Mas, quanto a críticas e a elogios nesse momento, tínhamos aqui um colóquio que nunca mais acabava".