Já diz o ditado: 'Difícil não é chegar ao topo, mas sim conseguir manter-se lá'. O que se está a passar no FC Barcelona enquadra-se na perfeição nesta premissa. Na última década, mais coisa menos coisa, é consensual dizer-se que o Barcelona reinou sobre o futebol mundial. No entanto, esse tempo já parece longínquo e a principal equipa de futebol da Catalunha desceu à terra, caminhando a passos largos para o fim de um ciclo.
O que se tem passado, na última semana, no Barcelona faz antever que o todo poderoso 'Barça' já não existe. Com isto não quero dizer que não deixa de ser uma equipa forte e temível e com capacidade para ganhar as competições em que está inserida.
Ainda o é, mas a força que o Barcelona demonstrava na última década já não se verifica. A vida é feita de ciclos e o desporto não é exceção. Este Barcelona está claramente em fim de ciclo.
A nível desportivo percebemos que as forças do Barcelona, a enorme pressão sobre o adversário, a fortíssima posse de bola e as saídas vertiginosas para o ataque, já não existem. Puyol já não está, Piqué é um central normalíssimo, Busquets já não consegue ser o patrão do meio-campo e Xavi e Iniesta estão em fase descendente das suas carreiras.
É normal. O Barcelona chegou ao topo na era Pep Guardiola e era expectável que, mais cedo ou mais tarde, a era dourada chegasse ao fim. No entanto, os fins-de-ciclo podem e devem ser antecipados. É aqui que o Barcelona errou.
O clube agora presidido por Josep Maria Bartomeu não se preparou de forma adequada para o que está a acontecer. Primeiro, o Barcelona, ao longo dos últimos três anos, período em que se começou a notar que a equipa já não reagia da mesma formas às adversidades, não soube reforçar-se de forma adequada. Certos setores, nomeadamente a defesa, demonstram lacunas e nunca foram contratados jogadores de qualidade inequívoca para colmatá-las.
Outro erro é o excesso de poder que os últimos presidentes, tanto Rosell como agora Bartomeu, têm dado a Lionel Messi. O jogador argentino é, sem sombra de dúvida, o craque da equipa. É um jogador de outro planeta, mas não lhe pode ser dado tanto poder.
A ser verdade o que vem na comunicação social, Messi escolhe treinadores e despede quem não lhe agrada. Parece ser assim com Luís Enrique, que tem os dias contados, e já o foi com David Villa, quando o avançado espanhol começou a ter dificuldades de relacionamento com 'La Pulga'. Dois exemplos que dizem muito sobre o poder de Messi no clube catalão. Uma organização deve estar acima de qualquer pessoa e dos seus interesses, por muito que esta seja importante na estrutura.
Em resumo: a melhor maneira de combater um fim de ciclo é, antes de mais, aceitar que este pode acontecer. Aceitar fragilidades é meio caminho andado para poder trabalhar o que está mal e fazer das fraquezas forças. Não vale a pena termos a ilusão que se vai estar sempre no topo, pois mais cedo ou mais tarde o lugar cimeiro será ocupado por outra pessoa ou organização. Contudo, é fundamental encontrar estratégias que permitam andar nos lugares cimeiros o maior tempo possível. A melhor forma de lidar com a realidade é aceitá-la.
Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.