Cristiano Ronaldo completa na quinta-feira 30 anos, com três Bolas de Ouro e ‘inúmeros’ títulos individuais e coletivos conquistados, que o legitimam como o melhor futebolista português de sempre, apesar dos currículos igualmente invejáveis de Eusébio e Figo.
O avançado do Real Madrid, designado melhor jogador mundial em 2008, 2013 e 2014, já recebeu mais Bolas de Ouro do que as outras duas grandes referências da modalidade em Portugal juntas: Eusébio foi distinguido em 1965 e Figo em 2000.
Ronaldo também já ultrapassou o ‘pantera negra’ como melhor marcador da seleção nacional, com 52 golos, contra 41 de Eusébio, que aos 30 anos tinha ‘apenas’ concretizado 34, apesar de ter obtido um ‘póquer’ (quatro tentos na mesma partida), com ‘CR7’ a ficar-se por dois ‘hat-trick’.
A comparação favorece menos o melhor jogador mundial das últimas duas épocas se for considerado o número de jogos disputados por ambos, uma vez que Eusébio necessitou de apenas 51 jogos para concretizar 34 golos (média de 0,66 por encontro) e Ronaldo já vai em 118 (média de 0,44).
O recorde de 127 internacionalizações de Figo é um dos poucos que resiste, mas parece também ter os dias contados, até porque Ronaldo entrou no ‘clube dos centenários’ com 27 anos e o mais recente candidato à presidência da FIFA só disputou o 100.º jogo pela equipa lusa com 31.
A estreia de Ronaldo pela seleção portuguesa foi premonitória: o selecionador Luiz Felipe Scolari apostou no prodígio de 18 anos no particular com o Cazaquistão (1-0), substituindo após o intervalo a ‘estrela’ Figo, que se estreou com a mesma idade. Eusébio vestiu pela primeira vez a camisola das quinas aos 19.
Enquanto Ronaldo já foi melhor marcador dos campeonatos europeus por três vezes (2007/08, 2012/13 e 2013/14), registo apenas igualado pelo arquirrival argentino Lionel Messi, Eusébio tinha conquistado uma única Bota de Ouro aos 30 anos (1967/1968), repetindo a proeza cinco épocas mais tarde.
Nas provas continentais, ‘CR7’ também há muito que superou o ‘pantera negra’, que aos 30 anos tinha marcado 54 golos (43 na Taça dos Campeões Europeus), contra os atuais 75 de Ronaldo (73 na Taça/Liga dos Campeões), segundo melhor marcador da história da principal prova de clubes e terceiro das taças europeias.
Se Figo não entra nesta ‘guerra’, até porque jogava numa posição menos propícia, o antigo médio tem quase tantas presenças em fases finais de Europeus e Mundiais quanto Ronaldo (cinco contra seis), ao passo que Eusébio apenas participou no Campeonato do Mundo de 1966, mas fê-lo em grande estilo.
O avançado benfiquista levou Portugal ao último lugar do pódio - Ronaldo e Figo só conseguiram o quarto lugar, em 2006, na Alemanha -, assumindo-se como o melhor marcador da prova, com nove golos em seis jogos, tantos quanto o madeirense concretizou nas 27 partidas de todas as fases finais que disputou.
Se Eusébio nunca disputou a fase final do Europeu, Figo, já com ‘nome feito’, e Ronaldo, então uma jovem promessa, estiveram muito perto de oferecer à seleção nacional o primeiro grande título, mas perderam a final do Euro2004, que Portugal organizou, frente à Grécia (1-0).
Vencedor de duas Ligas dos Campeões (2008 e 2014), Ronaldo supera as conquistas de Eusébio e Figo, campeões europeus em 1962 e 2002, mas, com quatro títulos nacionais no currículo (três em Inglaterra, pelo Manchester United, e um em Espanha, pelo Real Madrid), está muito distante dos compatriotas.
Figo conquistou o título espanhol por quatro vezes (duas pelo FC Barcelona e duas pelo Real Madrid) e o italiano outras tantas, todas pelo Inter de Milão, e Eusébio sagrou-se campeão português 11 vezes, todas pelo Benfica, um recorde difícil de ser batido.