Desde que regressou ao Chelsea, no início da época 2013-14, José Mourinho tem comprado bastante. Contudo, o 'Special One' decidiu assumir-se como um dos principais seguidores do 'Fair Play' financeiro da FIFA e, para equilibrar a balança, tem vendido bem, muito e caro. Será que a reputação de Mourinho valoriza os seus próprios jogadores?
As contas fazem-se de forma simples. Num clube como o Chelsea, com dinheiro e ambições, não se esperaria uma abordagem amigável ao mercado de transferências. José Mourinho tem conciliado uma postura forte na compra de jogadores com um olho muito atento para o negócio e a situação de potenciais reforços nos seus clubes.
Cesc Fàbregas foi, talvez, a melhor compra do 'Special One' até ao momento. O médio espanhol chegou a Stamford Bridge a troco de 33 milhões de euros. José Mourinho aproveitou claramente a pouca utilização de um jogador de classe mundial num clube de topo, o Barcelona, para o comprar a um preço muito abaixo do seu valor de mercado e torná-lo numa peça-chave da equipa. O português até já disse: «Lampard é uma lenda na História do clube, Fàbregas é o futuro».
Nos negócios de Diego Costa e Juan Cuadrado, Mourinho foi obrigado a pagar o valor de mercado dos jogadores, gastando 40 milhões de euros no primeiro e 33 milhões no segundo. Filipe Luís chegou por 20 milhões de euros e Loic Remy foi bem 'pescado' no QPR, por 10 milhões de euros. Drogba regressou também ao clube onde festejou mais golos ao longo da sua carreira: a custo zero, para se juntar ao treinador que lhe possibilitou o estrelato.
Contudo, é no campo das vendas que José Mourinho mais tem impressionado neste seu regresso a Londres. Mais do que nunca, o reputado 'manager' luso tem sido capaz de encaixar boas somas monetárias e, na maioria dos casos, vendendo atletas que não eram titulares indiscutíveis no onze dos 'blues'.
David Luiz estará no topo das vendas 'Mourinhescas'. O defesa-central brasileiro, bom de bola mas algo inseguro defensivamente, foi vendido ao Paris Saint-Germain por uma quantia de 50 milhões de euros. O Chelsea encaixou o dinheiro e manteve o seu eixo defensivo estabilizado, entregue a John Terry e Gary Cahill. Nos últimos jogos, também o jovem Kurt Zouma teve oportunidade para mostrar as suas qualidades.
Romelu Lukaku rumou ao Everton no último mercado de verão e rendeu mais de 35 milhões de euros ao Chelsea. O atacante belga é uma das maiores promessas do futebol mundial, mas nunca teria espaço para continuar a evoluir com a chegada de Diego Costa, que só custou mais cinco milhões de euros. Vendeu-se uma promessa, comprou-se uma confirmação.
Também facilmente dispensáveis, Kevin de Bruyne e Ryan Bertrand renderam, em mercados de inverno diferentes, 20 milhões de euros e 13 milhões de euros, rumando definitivamente ao Wolfsburgo e ao Southampton, respetivamente.
Mas as últimas grandes vendas terão sido mesmo a saída de André Schurrle para o Wolfsburgo, a troco de 32 milhões de euros, e a saída de Juan Mata para o Man Utd, a troco de 44 milhões de euros. Se fossem titulares indiscutíveis, o internacional alemão e o internacional espanhol, seriam certamente garantia de golos, mas, tapados por Oscar, William e Hazard, decidiram rumar a equipas onde podem jogar mais.
Resumo: Desde que chegou ao Chelsea, José Mourinho gastou cerca de 150 milhões de euros em compras e encaixou cerca de 190 milhões de euros. Num clube onde o dinheiro nunca foi problema, o 'Special One' tem sido um verdadeiro exemplo da arte de bem gerir finanças, cumprindo, exemplarmente, o 'Fair Play' financeiro da FIFA. E sempre com resultados positivos, apesar de ainda não ter conquistado nada.
No meio disto tudo, a reputação ganhadora de José Mourinho e as boas relações do técnico luso com empresários FIFA, têm certamente sido fundamentais para a realização de negócios tão vantajosos. O jogador e as suas exibições são os principais motivos que valorizam um ativo, mas a estrutura e o treinador que o orienta são também fatores a ter em conta neste processo.
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