Dezasseis pessoas, entre as quais 12 adeptos de futebol, vão ser julgadas no Egito por envolvimento em violências em fevereiro diante de um estádio, que causaram mais de 20 mortos, indicou hoje a procuradoria.
Testemunhas e adeptos tinham acusado a polícia de ser responsável pelo incidente de 08 de fevereiro, considerando que provocou um tumulto ao disparar gás lacrimogéneo de forma desproporcionada contra espetadores “presos” entre grades numa entrada do estádio.
Dia 08 de fevereiro jogavam os clubes de Zamalek e de Enppi, num dos principais jogos da primeira divisão abertos ao público desde que, em 2012, o Governo impôs um bloqueio a estes jogos na sequência de violências mortíferas ligadas ao futebol em Port-Said (norte).
Em fevereiro de 2012, 74 pessoas morreram em Port-Said em confrontos entre adeptos de dois clubes rivais.
Num comunicado, a procuradoria acusa os adeptos do grupo Ultras White Knights do clube de Zamalek de terem sido financiados pela Irmandade Muçulmana para “realizarem atos de vandalismo e violência durante o evento desportivo” de 08 de fevereiro.
Os adeptos usaram “força e violência face às forças da ordem” o que levou “a polícia a disparar gás lacrimogéneo para os dispersar”, indica a procuradoria.
“Isso conduziu ao caos e a tumulto entre os adeptos que tentaram entrar no estádio (…), o que provocou mortos e feridos”, adianta o comunicado, que refere um balanço de 22 mortos no incidente.
No total, 16 acusados, 12 dos quais “membros da Irmandade Muçulmana e adeptos do clube de Zamalek”, serão julgados por “homicídio involuntário, vandalismo e resistência à autoridade”.
A Irmandade Muçulmana foi considerada uma organização terrorista pelo regime egípcio após o derrube em 2013 do presidente islamita Mohamed Morsi. As autoridades, que lançaram uma repressão sangrenta contra a oposição islamita, são acusadas de instrumentalizar a justiça nessa perseguição.