O argentino Nicolás Gaitán foi a grande figura da versão 2014/15 do Benfica, o futebolista que deu sempre o toque de classe a um conjunto que dispensou muitas vezes a ‘nota artística’.
Raramente capaz de fazer o mais simples, sempre pronto para mais um momento artístico, Gaitán foi essencial para encantar a planteia, para levar pessoas ao estádio, uma delícia para os verdadeiros apreciadores do futebol bonito.
O argentino nunca prescindiu de ‘inventar’, mas a sua importância foi transcendental porque, nos ‘intervalos’, também soube ser prático, cotando-se, como desde que chegou à Luz, em 2010/11, como o ‘rei’ das assistências.
Gaitán não se distinguiu, no entanto, apenas ofensivamente, pois, ao contrário da maioria das ‘estrelas’ do seu calibre, foi essencial a defender, na ajuda aos laterais, sempre pronto a mais um ‘carrinho’.
Apesar do adeus de várias figuras da época passada, como Markovic, Rodrigo, Garay e, em janeiro, Enzo Perez, o ‘10’ não ficou sozinho, longe disso, sobretudo na segunda volta, quando Lima e Jonas começaram a funcionar, formando com Salvio um ‘imparável’ quarteto ofensivo.
Depois de se terem ficado pelos 10 golos (seis de Lima e quatro de Jonas) na primeira parte, os dois brasileiros já vão em 25 na segunda, na qual o Benfica somou menos pontos, mas produziu muito mais futebol, com mais tentos.
Lima esteve ao nível de anos anteriores, aproximando-se das duas dezenas de tentos, enquanto Jonas, de 31 anos, cotou-se como grande e inesperado reforço e ninguém se lembrou de Rodrigo, vendido ao Valência por 30 milhões de euros.
Chegado precisamente da equipa ‘ché’, a custo zero, o internacional brasileiro foi determinante, pelos golos, a técnica e a simplicidade do seu futebol, integrando-se como uma ‘luva’ na formação comandada por Jorge Jesus.
Por seu lado, Salvio, ‘ofuscado’ em 2013/14 pelas lesões e por Markovic, voltou a ‘brilhar’, mostrando, aos 24 anos, toda a sua classe.
Sem ter o virtuosismo de Gaitán, o também argentino foi capaz de muitos momentos de ‘magia’, em loucas correrias pelo flanco direito, com muitas assistências e golos: soma nove e ainda pode igualar os 10 de 2012/13.
O Benfica tem, de longe, o melhor ataque do campeonato e também o deve ao brasileiro Talisca, que foi a grande figura da primeira volta, com nove golos, resolvendo, sozinho, muitos problemas, quando o ataque ainda não funcionava em pleno.
Em termos de meio campo, Jorge Jesus voltou a ter de improvisar, face à lesão de Fejsa, de início, e à partida de Enzo Perez, em janeiro, numa reedição do que havia sucedido um ano antes, então com o adeus de Nemanja Matic.
Contratado por 10 milhões de euros, ao Olympiacos, Samaris parecia, de início, não ter capacidade para ser o ‘6’, mas, aos poucos, Jesus foi ‘moldando’ o grego, até o transformar num elemento imprescindível.
Quanto à posição ‘8’, Enzo Perez foi o seu ‘dono’ até janeiro, cedendo, depois, o lugar a Pizzi, mais uma adaptação feliz do técnico benfiquista.
A defesa foi sempre o setor mais estável, com Maxi Pereira, Luisão, Jardel, que fez esquecer Garay, e Eliseu, mesmo com alguns problemas, a formarem desde início o quarteto titular, só ‘desmanchado’ por lesões e castigos. Juntos, somaram, ainda por cima, 17 golos, e o Benfica só encaixou 15.
Mesmo sem lugar no ‘onze’, André Almeida foi também essencial na estrutura defensiva, face à sua polivalência, que lhe permitiu jogar em qualquer das laterais ou como médio defensivo, um ‘6’ mais posicional. Os centrais Lisandro e César também cumpriram nas poucas vezes que foram chamados.
Atrás, Artur começou como titular, mas cedeu o seu lugar a Júlio César, que, aos 35 anos, mostrou ter as suas capacidades intactas. Raramente cometeu erros, nunca comprometeu e só foi prejudicado por algumas lesões.