De regresso à competição no Rali de Portugal, para iniciar o seu percurso na classe WRC2, Bernardo Sousa acredita que pode terminar nos cinco primeiros do escalão e o seu lamento vai para o facto de ser o único português no Mundial.
“Estou a voltar ao ativo, o que é bastante bom. Para já, não temos a época garantida, temos só três provas, mas de qualquer maneira é sempre positivo estar no Mundial de ralis. Felizmente para mim e infelizmente para os portugueses, sou o único a representar as cores portuguesas no Mundial de ralis”, disse à Lusa o piloto madeirense, em vésperas da quinta prova do campeonato, que se realiza ente 21 e 25 de maio.
Campeão nacional em 2010, Bernardo Sousa viu confirmada a sua entrada da equipa ACSM há menos de um mês, para substituir o espanhol Xevi Pons, lesionado, e ainda se está a adaptar ao Peugeot 208 T16 com que vai disputar os ralis de Portugal, Sardenha e Polónia, pelo menos.
“Acho que é possível lutar pelos cinco primeiros. Dos 27 inscritos do WRC2, somos 12 a 15 candidatos à vitória, mas analisando a situação de cada piloto, vemos que alguns já fizeram algumas provas e isso faz com que tenham mais ritmo de competição e que possa haver grandes diferenças de andamento (…), mas o facto de ser um evento novo para todos poderá diminuir essa vantagem”, explicou Bernardo Sousa.
O piloto do Funchal diz que o facto de ser um piloto local, não lhe traz vantagens em relação aos demais, porque o único troço que conhece é o que foi utilizado no ano passado no evento de exibição Fafe Rally Sprint, e que já foi feito no campeonato nacional, mas que os adversários também já conhecem.
“Os restantes são novos para toda a gente, inclusivamente par a nós. Partimos todos com o mesmo conhecimento, ou seja, 98% do rali é novo para toda a gente. O único fator que tenho a meu favor é mesmo o público português”, sublinhou.
Comentando a mudança do rali do sul para o norte, Bernardo Sousa explicou que os pilotos vão sentir a diferença entre o piso mais duro do Algarve, com mais pedra laminada por baixo, e uma superfície mais macio no norte, que se degrada mais. O primeiro é “mais demolidor para as mecânicas”, o segundo “menos violento”.
“Tanto a norte como a sul, o Rali de Portugal é sem dúvida um excelente rali. Como se costuma dizer: ‘venha o diabo e escolha’”, acrescentou.
O WRC2, liderado pelo finlandês Jari Ketomaa (Ford Fiesta R5),é uma espécie de segundo escalão do Mundial, cujos carros têm algumas diferenças em relação aos WRC, das quais, a mais visível a olho nu, é a asa traseira de menores dimensões, uma vez que não necessita de tanto apoio aerodinâmico.
“Em algumas marcas, que têm carros na classe WRC2 e WRC, a única diferença que se consegue ver esteticamente é a asa traseira, que é bastante grande no WRC. O resto está debaixo do capô e é uma grande diferença. São alguns cavalos a menos, mas que fazem muita diferença. A grande diferença é a potência e alguns componentes mais fracos, para reduzir custos”, completou.