Thorbjen Jagland, secretário-geral do Conselho da Europa, pediu hoje aos estados membros, numa altura em que se assinala o 30.º aniversário da tragédia de Heysel, que provocou 39 mortos, que intensifiquem a luta com a violência no desporto.
“O desporto desempenha um papel na integração social, de tolerância e de entendimento intercultural. Dá-nos a oportunidade de seguir regras comuns segundo um código de ética. A violência não o pode desacreditar”, referiu Thorbjen Jagland.
O responsável máximo do Conselho da Europa recordou que está a decorrer a revisão da convenção europeia sobre a violência no desporto para incluir, para além da segurança dos recintos desportivos, a dos lugares públicos de retransmissão.
O melhoramento da cooperação transfronteiriça entre Polícia e organizadores, ainda de acordo com Thorbjen Jagland, é outras das medidas a implementar na nova convenção europeia sobre violência no desporto.
“A tragédia do estádio de Heysel, na Bélgica, foi dos episódios mais sombrios do futebol moderno e em que a violência se sobrepôs aos valores desportivos e transformou o jogo em pesadelo”, considerou.
A 29 de maio de 1985, mais do que o triunfo da Juventus na final da Taça dos Campeões Europeus com o Liverpool, por 1-0, o que milhões de espetadores por todo o mundo registaram foram os 39 mortos (34 dos quais italianos) e mais de 600 feridos, quase todos socorridos ainda no relvado.
Antes do início do jogo, e depois de vários incidentes nas ruas de Bruxelas, cerca de 200 ‘hooligans’ ingleses encurralaram italianos do setor Z do Heysel, que recuaram até o fim da arquibancada, mas as grades que poderiam permitir a evacuação estavam fechadas.
Prensados, os espectadores encurralados saltaram para o relvado, potenciando, com o pânico que entretanto se instalou, a que centenas de pessoas fossem pisadas, sufocadas e esmagadas contra as grades, que cederam e foram derrubadas.
A convenção citada por Thorbjen Jagland, que teve uma primeira versão publicada três meses após o desastre de Heysel, fez com que os estádios, os que já existiam e os que foram construídos posteriormente, passassem a ser mais seguros.
“No entanto, a violência não desapareceu e ainda há muito para fazer. Apelamos a todos os estados membros a aplicar todas as disposições da convenção e a adotar novas medidas que possam reforçar a segurança dos locais onde decorram eventos desportivos”, disse ainda o secretário-geral do Conselho da Europa.