O suíço Joseph Blatter demitiu-se hoje da presidência da FIFA, na sequência do escândalo de corrupção que abala o organismo máximo do futebol, e anunciou a marcação de um congresso extraordinário para eleição de um sucessor.
Blatter anunciou a sua saída quatro dias após a sua reeleição para um quinto mandato na presidência da FIFA, que aconteceu já depois da detenção de sete dirigentes do organismo, na quarta-feira.
O dirigente suíço, de 79 anos, ocupava o cargo desde 1998 e já disse que não se recandidata.
"Eu estimo a FIFA acima de tudo e quero fazer apenas o melhor para a FIFA e para o futebol. Senti-me impelido a apresentar-me para a reeleição, uma vez que acreditava que era o melhor para a organização. Esta eleição acabou, mas os desafios da FIFA não. A FIFA precisa de uma grande remodelação", afirmou Blatter.
O dirigente disse que, embora esteja legitimado pelos membros da FIFA, não se sente mandatado por todo o mundo do futebol, aos adeptos, os jogadores ou os clubes.
"Por isso, decidi colocar o meu mandato à disposição num congresso extraordinário eleitoral. Vou continuar a exercer as minhas funções como presidente da FIFA até essa eleição", disse o suíço.
Tendo em conta que o próximo congresso ordinário está marcado para 13 de maio de 2016, na Cidade do México, Blatter disse que ia pedir ao comité executivo da FIFA a marcação do congresso eleitoral para o mais cedo possível, o que deverá ocorrer entre dezembro deste ano e março de 2016, ao abrigo dos estatutos do organismo.
"Como não serei candidato, e ficarei livre de constrangimentos que as eleições impõem inevitavelmente, poderei concentrar-me em no sentido de alcançar reformas fundamentais (...). Durante anos, trabalhámos muito para pôr em prática reformas administrativas, mas é evidente para mim que, embora devam continuar, não são suficientes. O Comité Executivo inclui representantes das confederações, sobre os quais não temos controlo, mas por cujas ações a FIFA é responsabilizada. Precisamos de uma mudança estrutural", afirmou.
Dois dias antes de Blatter ser reeleito, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou nove dirigentes ou ex-dirigentes e cinco parceiros da FIFA, acusando-os de associação criminosa e corrupção nos últimos 24 anos, num caso em que estarão em causa subornos no valor de 151 milhões de dólares (quase 140 milhões de euros).
A acusação surgiu depois de o Ministério da Justiça e a polícia da Suíça terem detido sete membros da FIFA, num hotel de Zurique.