A anunciada demissão de Joseph Blatter de presidente da FIFA está a ser saudada em vários quadrantes do mundo do futebol, entre as quais as históricas federações de Inglaterra e França, duas das mais antigas.
Em declarações à BBC World, Greg Dyke, da inglesa FA, diz que a resignação é "boa para o futebol" e que Blatter percebeu que o escândalo de corrupção recentemente revelado "estava a chegar perto dele".
"É um belo dia. Penso que é excelente para o futebol e o início de algo de novo", disse Dyke. "Na sexta-feira disse para mim: 'isto ainda não acabou'. Só não pensei que fosse tão depressa".
Dyke pede uma reestruturação para toda a organização da FIFA, sublinhando que "o futuro tem de ser pela transparência e estas notícias são excelentes".
Noel Le Graet, presidente da federação francesa, considera que este é o momento de "recomeçar com boas bases". Em declarações à RTL, admitiu "surpresa", já que na última semana a posição de Blatter "parecia sólida".
"Estou espantado, mas isto acaba por não ser mau, vai permitir recomeçar com boas bases e com verdadeiros candidatos", disse o dirigente, que não deixou de manifestar um eventual apoio à candidatura de Michel Platini, presidente da UEFA.
"Platini continua a ser o meu preferido, sempre o disse, será que está disponível para essa aventura? Não me posso colocar na pele de Platini, mas penso que sempre pensei que é o melhor candidato e que se a Europa avançar com um candidato só pode ser ele", disse ainda.
De França, as vozes ao mais alto nível apontam caminhos idênticos, com o ministro dos Desportos, Patrick Kanner, a falar de "uma decisão sensata" (a demissão), mas sem ir tão longe quanto Le Graet.
"A mudança de governação é bem-vinda e deverá traduzir-se por mais transparência, mais ética e evidentemente uma boa cooperação com a justiça", defendeu Kanner, em comunicado.
Ainda na Europa, não foi só Luís Figo o único candidato à presidência a congratular-se com a saída de Blatter - também o holandês Michael van Praag aplaude as notícias de hoje.
O presidente da federação holandesa de futebol (NVAB) retirou-se da corrida a poucos dias do início do congresso da FIFA, tal como Luís Figo, alegando também que o processo nada tinha de democrático.
"Queria mudar a FIFA e este pode ser um grande passo na direção correta. Vamos consegui-lo verdadeiramente", assumiu Van Praag.
Wolfsgang Niersbach, presidente da federação alemã (DFB), comenta que Blatter "devia ter saído mais cedo". "É uma tragédia que não nos tenha poupado a isto, e a ele também, demitindo-se mais cedo", disse ao Bild um dos mais ativos críticos da governação de Blatter.
De outra federação influente, a norte-americana, fala-se de "oportunidade excecional para uma mudança positiva".
"A demissão de Blatter é uma oportunidade excecional, e imediata, para uma mudança positiva no seio da FIFA", escreve Sunil Gulati, em comunicado. "É o primeiro passo na direção de uma reforma real e pertinente no seio da FIFA".