Segundo Nicolás Maduro, "tudo é escuro" na FIFA e na atuação das autoridades em relação ao escândalo por suspeita de corrupção.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs hoje a realização de um "processo constituinte" para refundar a Federação Internacional de Futebol (FIFA), ao referir-se ao escândalo ocasionado pela detenção de vários membros daquele organismo suspeitos associação criminosa e corrupção.
"Deveria convocar-se um processo constituinte, reconstituinte, para a refundar, não para que seja governada pelos Estados Unidos ou pela Europa", disse Maduro um dia depois da demissão do presidente da FIFA, Joseph Blatter, que tinha sido reeleito para um quinto mandato na sexta-feira, 29 de maio.
Nicolás Maduro falava durante o programa radiofónico e televisivo 'Em Contacto com Maduro', durante o qual vincou ter recebido denúncias de "uma situação de quase escravidão de futebolistas ao longo do mundo", que são vítima de "mafias" com interesses que, disse, fazem parte da FIFA.
"A Federação Internacional de Futebol deveria ser dirigida por futebolistas. O presidente da FIFA deveria de ser [o argentino] Diego Armando Maradona ou alguém como ele. Por aí, lançou-se [o português Luís] Figo e fizeram com que renunciasse, e depois veio esta operação", disse.
Segundo Nicolás Maduro, "tudo é escuro" na FIFA e na atuação das autoridades em relação ao escândalo por suspeita de corrupção.
"Tenho seguido com objetividade o que está passando com a FIFA (...) Tudo é escuro. É escura a operação do procurador que acredita ser procurador do mundo, a do juiz, que acredita ser juiz do mundo, desde Nova Iorque", frisou.
Por outro lado recordou entre em 2002 e 2003 Caracas propôs avançar com um "processo de democratização" da Federação Venezuelana de Futebol, ao qual a FIFA se opôs e ameaçou afastar a Venezuela das competições mundiais.
O Ministério Público venezuelano ordenou, terça-feira, que fossem congelados os bens e contas bancárias do presidente da Federação Venezuelana de Futebol, Rafael Esquivel, um dos sete dirigentes da FIFA detidos pelas autoridades suíças, na semana passada, em Zurique, a dois dias das eleições.
Horas depois, soube-se que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou nove dirigentes ou ex-dirigentes, incluindo os detidos, e cinco parceiros da FIFA, acusando-os de associação criminosa e corrupção ao longo dos últimos 24 anos, num caso em que estarão em causa subornos no valor de 151 milhões de dólares (quase 140 milhões de euros).
Apesar do momento conturbado, as eleições da FIFA foram avante e Blatter, que ocupava o cargo desde 1998, derrotou o jornado Ali bin al-Hussein e foi reconduzido, mas o suíço anunciou a demissão quatro dias depois e pediu um congresso extraordinário eleitoral para se encontrar um sucessor.