O Procurador-geral da Confederação Suíça admitiu hoje a hipótese de interrogar o presidente da FIFA, Joseph Blatter, no âmbito do escândalo de corrupção que atingiu o organismo internacional de futebol, indicando que o processo de investigação será longo.
“Serão realizadas entrevistas formais a todas as pessoas relevantes. Por definição, isso não pode excluir entrevistar o presidente da FIFA e/ou o seu secretário-geral [Jerôme Valcke]”, disse Michael Lauber, que está a investigar, entre outras matérias, a atribuição da organização dos Mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar, respetivamente.
Em conferência de imprensa, o procurador suíço adiantou que um total de 104 relações bancárias foi identificado e consta da investigação, que qualificou de “muito complexa”, admitindo que poderá “demorar algum tempo” até que seja deduzida, ou não, qualquer acusação.
“O mundo do futebol deve ser paciente”, observou Lauber, que foi hoje reconduzido no cargo, adiantando que os bancos suíços “sinalizaram 53 relações bancárias suspeitas” à autoridade que combate o branqueamento de capitais.
O Ministério Público suíço anunciou a 27 de maio a abertura de um processo contra desconhecidos por suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro no âmbito das atribuições das duas próximas edições do Mundial, enquanto a polícia helvética detinha sete membros da FIFA, num hotel de Zurique.
No mesmo dia, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou nove dirigentes ou ex-dirigentes e cinco parceiros da FIFA, acusando-os de associação criminosa e corrupção nos últimos 24 anos, num caso em que estarão em causa subornos no valor de 151 milhões de dólares (quase 140 milhões de euros).
Dois dias depois, Joseph Blatter foi reeleito para um quinto mandato à frente do organismo, mas acabou por se demitir, na sequência do escândalo.