O presidente da FIFA, Joseph Blatter, defendeu hoje um maior escrutínio dos principais responsáveis do organismo de cúpula do futebol mundial e advogou um reforço dos poderes de África e Ásia na organização.
Na coluna de opinião que assina na revista semanal da FIFA, Blatter alude à proposta de reforço do escrutínio na FIFA defendida pelo presidente da Federação de Futebol da Alemanha, afirmando que esta reforma “tem sido bloqueada pela UEFA”.
Blatter está desde o início de maio no centro de um escândalo de corrupção em que são suspeitos alguns dos principais responsáveis da FIFA, incluindo o secretário-geral da organização, Jérôme Valcke,
De acordo com alguns dos principais órgãos de comunicação social dos Estados Unidos, citando fontes da polícia federal norte-americana, o FBI, e do Departamento de Justiça, o próprio presidente da FIFA estará também sob investigação.
O escândalo de corrupção eclodiu dias antes das eleições para a presidência da FIFA, às quais Blatter, de 70 anos, se recandidatava pela quinta vez.
Apesar da convulsão na organização, Blatter manteve a sua candidatura e ganhou as eleições, para anunciar dias depois a intenção de renunciar à liderança, sob intensa pressão internacional, liderada pela UEFA – Michel Platini, o presidente da UEFA, pediu a demissão de Blatter antes da sua reeleição, manifestando-se “enojado e desiludido” com o escândalo de corrupção.
No artigo, o presidente da FIFA defende ainda um reforço da representação no comité executivo da Confederação de Futebol Africano (CAF) e da Confederação de Futebol Asiático (AFC) – duas das estruturas que mais o têm apoiado.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou em maio nove dirigentes ou ex-dirigentes e cinco parceiros da FIFA, acusando-os de conspiração e corrupção nos últimos 24 anos, num caso em que estarão em causa subornos no valor de 151 milhões de dólares (quase 140 milhões de euros).
Entre os acusados estão dois vice-presidentes da FIFA, o uruguaio Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb, das Ilhas Caimão e que é também presidente da CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas), assim como o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol).
Dos restantes dirigentes indiciados fazem parte o brasileiro José María Marín, membro do comité da FIFA para os Jogos Olímpicos Rio2016, o costarriquenho Eduardo Li, Jack Warner, de Trinidad e Tobago, o nicaraguense Júlio Rocha, o venezuelano Rafael Esquivel e Costas Takkas, das Ilhas Caimão.
A FIFA suspendeu ainda provisoriamente 11 pessoas de toda a atividade ligada ao futebol: os nove dirigentes ou ex-dirigentes indiciados e ainda Daryll Warner, filho de Jack Warner, e Chuck Blazer, antigo homem forte do futebol dos Estados Unidos, ex-membro do Comité Executivo da FIFA e alegado informador da procuradoria norte-americana, que já esteve suspenso por fraude.
A acusação surge depois de o Ministério da Justiça e a polícia da Suíça terem detido Webb, Li, Rocha, Takkas, Figueredo, Esquivel e Marin na quarta-feira, num hotel de Zurique, a dois dias das eleições para a presidência da FIFA, ganha por Joseph Blatte após desistência de Ali bin Al-Hussein, da Jordânia.
Simultaneamente, as autoridades suíças abriram uma investigação à atribuição dos Mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar.