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Motociclismo: Bruna Lopes, de 12 anos, sonha com o MotoGP

Bruna Lopes tem 12 anos, é de Bragança e tanto em Portugal como em Espanha é a única menina a competir, liderando o campeonato nacional de velocidade e ocupando o sétimo lugar na geral daquele que é considerado o mais competitivo, o espanhol.

Motociclismo: Bruna Lopes, de 12 anos, sonha com o MotoGP
Futebol 365

Tinha acabado de fazer 11 anos quando entrou pela primeira vez em pista, em outubro de 2013, no Estoril. Fez a última prova do Campeonato Nacional de Velocidade e “nem sequer mudanças sabia pôr”.

Ficou em último, mas foi o estímulo para em 2014 se sagrar vice-campeã nacional, “a mais nova de sempre e a primeira mulher a ganhar corridas em Portugal”, como salientou à Lusa o pai Bruno Lopes.

Em 2015, acelera em Portugal e avançou para o campeonato espanhol, “o mais competitivo com 180 pilotos de todas a categorias e de 17 nacionalidades”.

Aproxima-se “um fim de semana único, com duas corridas”, uma sábado e outra domingo, em Alcarràs, na Catalunha, e Bruna não esconde o entusiasmo com um “está a correr bem” e a expetativa de “prova a prova, até outubro, ir sempre melhorando, cada segundo estar mais perto dos da frente”.

Bruna corre na categoria de 80 cc e diz que “em Espanha tem uma motivação maior”.

Em Portugal “já é basicamente um treino” porque, como diz, não tem com quem “apanhar na roda”.

A meta da jovem é sagrar-se campeã nacional e no próximo ano avançar para a categoria de pré-Moto3, em Espanha.

Bruna nasceu entre as motos, negócio de família, e inspirada pelo pai Bruno que competiu em circuitos urbanos regionais.

Teve medo da primeira moto que lhe ofereceram até começar a acelerar por volta dos nove anos.

“Como é que tu só tens 12 anos e podes andar de mota se não tens carta?” é a pergunta que muitas vezes lhe fazem, como contou a mãe Elma Jacinta.

Bruna tem uma licença especial e só pode competir em circuito fechado tal como todos que correm na mesma categoria e com idades idênticas, entre os dez e os 13 anos.

O gosto pelas motos sobressai no domínio da gíria da velocidade e no sonho com o topo, “o MotoGP”, refreado pela cautela do pai Bruno que sabe que é preciso “treinar muito e investir muito dinheiro para se conseguir estar à frente”.

E é aqui que surgem as desvantagens de Bruna em relação a outros colegas, sobretudo do campeonato espanhol.

Os patrocínios restringem-se a algumas empresas de Bragança e não chegam.

“As pessoas dão mais para o futebol, é tudo futebol”, desabafou o pai que é “a escola de Bruna”.

Em Portugal não há nenhuma escola da modalidade enquanto os concorrentes espanhóis “praticamente todos frequentam escolas de motociclismo”.

Bruna só treina nas provas porque em Bragança não tem um espaço para o fazer. De vez em quando vai dar umas voltas no kartódromo de Vila Real, a mais de 100 quilómetros.

As deslocações e toda a logística são basicamente suportadas pela família e por um grupo de amigos que criaram a ASA (Astro Surpresa Associação) propositadamente para apoiar a jovem revelação.

“Não chega, os custos são muito elevados”, vincam os pais que anseiam por mais apoios determinados a levar a filha até onde ela conseguir alcançar.

Bruna tem conseguido conciliar as corridas com os estudos - está no sétimo ano - e parece determinada: o que quer “mesmo é o motociclismo”.

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