O treinador do Sporting é, atualmente, uma das marcas mais fortes do futebol português, sobretudo internamente. No nosso campeonato, nenhuma outra personalidade é capaz de gerar um frenesim tão grande como Jorge Jesus. Absolutamente ninguém fica indiferente ao técnico português, por cá. Lá fora, o impacto de Jesus também existe, mas é menor.
Jorge Jesus vive com uma extraordinária aura vencedora: os seus seis anos de Benfica – particularmente os últimos dois – garantiram-lhe uma reputação inigualável no futebol português. Provavelmente, só Mourinho conseguiu algo semelhante: ou seja, ser de uma equipa treinada por um destes treinadores ou defrontar uma das suas formações é um dado muito mais significativo do que o simples reconhecimento da competência do técnico em causa. Isto porque treinadores com uma marca pessoal forte influenciam largamente as perceções dos apoiantes ou adversários.
No fundo, todos esperam algo mais quando apoiam ou defrontam uma equipa de um deles, mesmo que esse extra não seja mais do que uma simplificação mais ou menos mitificada, sendo gerada por uma reputação com algo de transcendente.
Se entre os seus pares foi sempre reconhecida a capacidade de Jesus, entre os adeptos só hoje parece ter um verdadeiro toque de Midas. Para além disto, a sua saída do Benfica para o Sporting reforçou as representações do treinador com uma carregadíssima dimensão emocional. Como qualquer marca de topo, toda a gente tem uma opinião sobre Jesus e estas tendem a ser francamente emotivas. Prova disto é o facto de boa parte do spin do Benfica se centrar, ainda, na figura do seu antigo responsável técnico.
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Tal como escrevi há duas semanas, Rui Vitória não tem tido um respaldo particularmente forte por parte da estrutura do clube da Luz. Pelo contrário, os esforços parecem estar ainda centrados no treinador que Luís Filipe Vieira recrutou em 2009. A prioridade encarnada parece ser o enquadramento de uma perda e não a promoção de uma chegada.
Lá fora, os títulos conquistados internamente por Jesus e as duas finais europeias disputadas ao serviço do Benfica também geraram um reconhecimento significativo. Para além disto, a troca de um rival por outro traz sempre uma maior atenção. Por isso, não é de estranhar o seguinte título da Marca online: «El CSKA acaba con el Sporting de Jorge Jesus». A escolha de palavras é muito significativa: o Sporting que foi eliminado foi o de Jesus. O treinador em causa tem valor-notícia. Por isso foi destacado no título. Com outro qualquer treinador português, exceto Mourinho, o nome do treinador não teria peso suficiente para tamanho destaque. Também por aqui se vê que a marca do treinador do Sporting já tem alguma difusão além-fronteiras. Mas longe do que se regista por cá.
Os sucessivos desaires na Liga dos Campeões parecem-me ser um dos maiores entraves à expansão internacional da marca de Jorge Jesus. Por culpas próprias, erros alheios ou méritos dos adversários, a verdade é que o Benfica do treinador português só por uma vez em seis anos passou a fase de grupos da principal competição da UEFA. O seu Sporting nem sequer passou o play-off de acesso à Liga dos Campeões.
Ou seja, Jesus não tem conseguido sucessos sistemáticos na principal montra do futebol europeu. E isto retira à sua marca internacional a dimensão transcendental que goza por cá, que lhe confere uma força tremenda entre portas, que o torna único e irrepetível.
Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.
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