O presidente da Liga espanhola de futebol afirmou hoje que "nem imagina" o campeonato espanhol sem o FC Barcelona, numa referência às eleições catalãs de domingo, mas reafirmou que, em caso de independência, os ‘blaugrana’ ficariam fora da competição.
Javier Tebas, que falava após a assembleia geral da Liga de Futebol Profissional espanhola (LFP), explicou que o tema de uma possível independência da Catalunha nem sequer foi falado na reunião magna, mas não deixou de reiterar a sua posição sobre o assunto.
“Não imagino a Liga sem o FC Barcelona. Alguns estão a ir por um caminho que não vai a lado nenhum e que está fora do que querem a maioria dos espanhóis. Acho que os espanhóis deveriam dizer algo sobre isto. Também sou 50% catalão e tenho algo a dizer. Espero que se solucione e não imagino um clube catalão fora do âmbito da Real Federação Espanhola de Futebol ou da LFP”, salientou.
A Catalunha realiza no domingo eleições autonómicas, marcadas este ano pela intenção de duas formações políticas - a plataforma Junts pel Sí e a CUP (Candidatura de Unidade Popular, esquerda-radical) - de iniciarem um processo de independência caso obtenham a maioria parlamentar.
A plataforma que integra o partido de Artur Mas (a Junts pel Sí, ou ‘Juntos Pelo Sim’) e a Esquerra Republicana Catalana (ERC) consideram as eleições um referendo "de facto" à independência. Ou seja, afirmam que se obtiverem maioria absoluta em deputados ao parlamento regional (não em votos) iniciam um processo de separação face a Espanha no espaço de 18 meses.
Com o FC Barcelona a manter uma atitude neutral nesta questão - oficialmente dizem que é um tema político e não desportivo -, a questão da presença ou não dos campeões espanhóis na liga tem sido usada como arma política.
Apesar das referências às eleições, Javier Tebas admite que todos sairiam a perder com uma saída do FC Barcelona. Só os direitos televisivos do Real Madrid - FC Barcelona (ou o contrário) rendem mais de 150 milhões de euros.
O Presidente do Conselho Superior de Desporto, Miguel Cardenal, declarou mesmo esta semana que o FC Barcelona se poderia tornar "num Celtic (de Glasgow, Escócia) ou num Ajax (Holanda)" em caso de independência.
"A realidade do desporto sempre tem sido as equipas reunirem-se geograficamente para competir. (...) Hoje em dia as finanças estão condicionadas às receitas da televisão e num país de oito milhões de habitantes (caso da Catalunha) o Barcelona poderia ser um clube de ‘cantera’ como o Ajax ou o Celtic e chegar, quanto muito, aos oitavos ou aos quartos de final da Liga dos Campeões", disse Cardenal.
No entanto, tal como Tebas, Cardenal foi taxativo: a legislação do desporto em Espanha impede um clube de outro país de jogar nas competições de futebol espanholas.
Com esta questão em aberto - tal como uma eventual permanência na União Europeia, no sistema do Euro, no FMI ou nas Nações Unidas -, a plataforma que advoga a independência na sequência das eleições de domingo (para as quais parte com sondagens que a dão como vencedora) diz apenas que esses temas "terão de ser negociados" com Espanha, Estados-membros e com as instituições à luz da "vontade do povo catalão".
Vários líderes políticos europeus já afirmaram que uma Catalunha independente ficaria de fora dos tratados europeus.