Football Leaks: Um fenómeno novo no futebol português

‘Football Leaks’ é o nome do site que promete abalar o futebol nacional. Baseado na Rússia o site já publicou, desde a última terça-feira, uma dezena de documentos comprometedores para os três principais clubes portugueses. Do contrato de Jorge Jesus ao documento de transferência de Imbula para o FC Porto, já foram alguns os documentos revelados sobre a forma como Benfica, FC Porto e Sporting conduzem os seus negócios.

Não me interessa aqui discutir o conteúdo dos documentos, mas sim tentar perceber como se pode lidar com um fenómeno novo e que atinge um mundo normalmente envolto em demasiada confidencialidade. O futebol português é por norma pouco transparente. A forma como se conduzem certos negócios é no mínimo estranha. Os valores envolvidos nas vendas ou contratações de jogadores e treinadores são muitas das vezes questionáveis e ninguém parece querer controlar isso de forma adequada.

Quando surgem fenómenos como o ‘Football Leaks’ é normal que se entre numa zona desconhecida e que os clubes fiquem atrapalhados sem saberem muito bem o que fazer. A realidade é que não existe transparência no futebol e este é um problema que não diz respeito somente ao futebol português, mas também ao futebol mundial. Os negócios do desporto-rei são feitos de forma pouco clara e sobram muitas dúvidas sobre a legalidade dos mesmos.

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Não há muitas maneiras de combater projetos como o ‘Football Leaks’. Só vejo uma solução: ser-se transparente. Não vejo porque no futebol não se podem adaptar outras regras. Afinal, nas principais ligas do desporto norte-americano os salários dos protagonistas são tornados públicos e os contratos efetuados entre os atletas e os clubes não são um mistério para ninguém. Uma honestidade que se louva e que torna obsoletos projetos como o ‘Football Leaks’

Não gosto de ver informações confidenciais reveladas publicamente desse modo. Cada um tem direito a uma certa dose de privacidade. No entanto, também não gosto do secretismo em que se envolve certos negócios. Afinal, os clubes também são dos sócios e adeptos e é lamentável que estes sejam muitas vezes os últimos a saber o que se passa nos escritórios dos clubes que apoiam.

Os clubes podem queixar-se do ‘modus operandi’ do ‘Football Leaks’ e para isso têm os tribunais para fazerem valer os seus direitos. No entanto, se este 'monstro' existe, foi porque eles o criaram. Na era da Internet tudo se sabe e é muito difícil hoje em dia manter privados certos aspetos das nossas vidas ou da vida das empresas.

Todos temos acompanhado o que se tem passado com a ‘Volkswagen’ e o 'caso das emissões de gases'. A transparência é sempre um dos melhores caminhos para conquistar a confiança das pessoas. A força de uma marca reside antes de mais na sua honestidade. Afinal quem não deve, não teme!

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.