José Mourinho assume que no Chelsea é mais do que um treinador de futebol, é um dos adeptos, e que foi para voltar a ser feliz que quis voltar ao clube, lê-se na biografia hoje publicada no Reino Unido.
"Ser um dos adeptos faz-me viver o meu trabalho de uma maneira diferente. É positiva - significa que sou mais do que um treinador. Isto é exatamente como eu me sinto. Não apenas como o treinador do Chelsea, mas um deles", afirma no livro, intitulado "Mourinho".
No final da terceira época no Real Madrid, em 2013, o treinador português, conta, tinha "outras opções”, mas “só uma decisão” para a família: “Inglaterra, Londres, Chelsea”.
Além disso, considerou um desafio contrariar a expressão popular "não voltes a um clube onde já foste feliz".
No livro de quase 400 páginas, o primeiro assinado pelo próprio, o técnico dos ‘blues’ comenta sobretudo dezenas de fotografias que ilustram a sua carreira de 14 anos, onde acumulou 22 troféus, entre os quais - feito único - campeonatos nacionais em quatro países diferentes: Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha.
Ao contrário do que outros treinadores e jogadores fizeram nas suas biografias, Mourinho é parco nas revelações sobre os bastidores e sobre os episódios controversos que viveu nos diferentes clubes.
Sobre o Benfica, diz que este "não estava pronto" para ele quando se estreou nas funções de treinador, em 2000, e que recusou um convite para regressar à Luz no ano seguinte, quando já comandava a equipa da União de Leiria, porque o presidente do FC Porto fez uma abordagem "incrível"
Pinto da Costa terá dito: "Mourinho, tu és o homem para um novo Porto, que incentivo posso dar-te para vires?", o que satisfez Mourinho saber que "era o homem que eles procuravam."
No FC Porto, além das vitórias e da equipa principal, lembra a imagem icónica de um salto de celebração em Old Trafford, onde os ‘dragões’ empataram no último minuto (1-1) e eliminaram o Manchester United na Liga dos Campeões, cujo troféu acabariam por ganhar.
"Um ‘sprint’ de 50 metros em Old Trafford. No dia seguinte tinha dois grandes clubes a baterem-me à porta. Um azul e um vermelho", conta Mourinho.
Na obra, Mourinho saúda várias vezes o apoio da família e mostra orgulho no convívio com figuras como Bobby Robson, Pelé, Maradona, Eusébio, elogiando ainda individualmente vários jogadores, como Didier Drogba, Sneijder ou Zanetti.
Porém, é omisso ao internacional português Cristiano Ronaldo, com quem trabalhou no Real Madrid, clube do qual só à terceira vez aceitou o convite para treinar.
"Dei tudo o que tinha, trabalhei mais duro do que nunca", garante Mourinho, cuja saída do clube espanhol foi ‘amarga’ após uma época que considerou, na altura, a pior da carreira.
"Alegria é sorrir muito e estar rodeado por pessoas que amamos em casa, por pessoas que gostamos no nosso trabalho. Estava na altura de ser feliz outra vez", escreve a propósito do regresso ao Chelsea.
A publicação da edição portuguesa do livro foi anunciada para novembro pela Porto Editora.