oseph Blatter, presidente demissionário da FIFA e suspenso pelo Comité de Ética do organismo, defendeu hoje que o pagamento de 1,8 milhões de euros a Michel Platini “foi um acordo de cavalheiros”.
“Era um acordo que tinha com Platini, um acordo de cavalheiros”, defendeu Joseph Blatter, em entrevista ao canal televisivo suíço RROTV.
O suíço, que tal como Platini, presidente da UEFA e candidato à presidência da FIFA, foi suspenso pelo Comité de Ética por 90 dias, salientou que existia esse acordo, mas que não podia dar mais detalhes, tendo em conta que o assunto “está sob duas investigações”.
Questionado diretamente se o contrato estava em conformidade com os regulamentos, Blatter respondeu: “sim, certamente, que estava dentro das regras”.
Platini foi suspenso por 90 dias pelo Comité de Ética da FIFA a 08 de outubro, tal como o presidente e o secretário-geral do organismo regulador do futebol mundial, o suíço Joseph Blatter e o francês Jérôme Valcke, por implicação no escândalo de corrupção que atingiu a instituição.
Na base das suspensões estão os inquéritos que decorrem no próprio órgão da FIFA, ainda que vários outros responsáveis do organismo mundial estejam também a ser investigados pelas autoridades suíças e norte-americanas.
A 25 de setembro, o Ministério Público suíço instaurou um processo criminal a Blatter, que foi interrogado na qualidade de arguido, por suspeita de gestão danosa, apropriação indevida de fundos e abuso de confiança.
Platini foi ouvido na qualidade de testemunha e acabou por ser implicado no processo, por ter recebido de Blatter um pagamento ilegal, feito “em prejuízo da FIFA”, no valor de dois milhões de francos suíços (perto de 1,8 milhões de euros).
As autoridades suíças informaram que existe ainda “a suspeita que Joseph Blatter violou os seus deveres fiduciários” para com a FIFA, ao ter assinado com a CONCACAF um contrato para a cedência dos direitos de transmissão televisiva dos Mundiais de 2010 e 2014 por valores muito abaixo do preço de mercado.
A FIFA foi abalada por um escândalo de corrupção em maio, a dois dias da reeleição de Blatter, num processo aberto pela justiça dos Estados Unidos e que levou à acusação de 14 dirigentes e ex-dirigentes.
No início de junho, Blatter apresentou a demissão, abrindo o caminho para novas eleições, que foram marcadas para 26 de fevereiro de 2016.