Procura-se bom senso no futebol português

Começa a ser difícil abordar o assunto, tantas são as vezes que se tem de escrever sobre ele. O futebol português continua a alimentar-se de polémicas gratuitas que em nada dignificam a modalidade.

Nas últimas duas semanas, sempre que abrimos um jornal desportivo ou que ligamos uma televisão ou um rádio, o que vemos e ouvimos são declarações incendiárias por parte de dirigentes e trocas de acusações entre clubes. Até a comunicação social, que deveria ter um papel mais pacifista, resolve meter-se ao barulho e trazer mais achas para uma fogueira que já arde com exagerada intensidade.

Nas últimas semanas temos visto de tudo um pouco, nomeadamente episódios que só tem ajudado a denegrir a imagem do futebol português.

Primeiro foi a participação de Bruno de Carvalho no programa da TVI24 ‘Prolongamento’. O presidente do Sporting Clube de Portugal (SCP) portou-se, mais uma vez, como um adepto e não como o presidente de um dos clubes com maior prestígio em Portugal. O 'lavar de roupa suja' em que se envolveu com Pedro Guerra – comentador residente do programa e aficionado do Benfica – não dignificou em nada Bruno de Carvalho, nem a instituição que representa, o SCP.

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Depois foi a vez da RTP. A estação pública de televisão realizou um vídeo de promoção ao jogo da Liga dos Campeões - que se irá realizar na próxima terça-feira - entre FC Porto e Maccabi Tel-Aviv, em que, para promover um jogo dos dragões, recorreu a imagens de jogadores do Benfica. Percebe-se que a RTP até tentou ser engraçada, mas deveria haver mais cuidado, principalmente quando se sabe que a cultura futebolística da grande maioria dos adeptos em Portugal não permite esse tipo de ‘brincadeiras’. Quando o clima de tensão aumenta no futebol português a responsabilidade dos media também deve ser maior.

Finalmente, a guerra Bruno de Carvalho-Benfica. O presidente do SCP está mesmo em todas e não tem perdoado nas suas declarações contra o Benfica. O ambiente parece estar a aquecer em demasia para o jogo entre os dois maiores clubes de Lisboa, no próximo dia 25. É tempo de resfriar os ânimos. Este clima de guerrilha não ajuda em nada a promoção do espetáculo. O futebol deve ser servir para levar as pessoas aos estádios em clima de paz e alegria e não em estados de espírito que promovam o ódio e o desprezo pelo outro.

Espero sinceramente que os adeptos demonstrem ter mais juízo que os dirigentes e que saibam fazer do futebol uma festa. O bom senso parece ter-se ausentado do futebol nacional. Pode estar aqui a trilhar-se um caminho muito perigoso. Todos devem ter a responsabilidade de acabar com este tipo de guerras sem fim. Dirigentes, treinadores, jogadores, adeptos, comunicação social e governantes que, infelizmente, demasiadas vezes assistem a todo este triste espetáculo impávidos e serenos.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.