Peyroteo nunca pisou o novo Estádio José Alvalade, mas o maior goleador da história do Sporting será ali evocado sábado, por ocasião do dérbi da Taça de Portugal em futebol com o Benfica, frente ao qual se estreou.
O encontro da quarta eliminatória será pretexto para prestar homenagem àquele que é tido como o jogador com a mais elevada média de golos em jogos oficiais a nível mundial. "Queremos que o mundo entenda que por Alvalade passou o maior goleador dos todos os tempos", disse o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, quando anunciou o momento de reconhecimento.
Em 12 épocas, entre 1937 e 1949, Fernando Peyroteo alinhou em 327 jogos oficiais pelos 'leões' e marcou 529 golos, ou seja, 1,61 por partida, uma média que cresce para 1,68 se foram apenas contabilizados os 197 jogos e os 331 golos do campeonato nacional. Acrescentando os 20 encontros e os 13 golos ao serviço da seleção, a média situa-se em 1,56. Com particulares, o seu número de golos sobe acima dos 700 em perto de 450 partidas.
O Benfica foi um dos muitos clubes 'vitimados' pela veia goleadora de Peyroteo, que se estreou de 'leão' ao peito frente ao velho rival. Tinha apenas 19 anos quando, a 12 de setembro de 1937, fez o seu primeiro jogo pelo Sporting, lançado pelo húngaro Joseph Szabo, e marcou dois golos na vitória por 5-3 sobre os 'encarnados' num torneio nas Salésias.
Esta era uma competição particular, mas foi um aviso para o que se seguiria: em 45 jogos oficiais face às 'águias', Peyroteo marcou por 49 vezes e não houve uma época em que não tenha acertado da baliza do rival, nas diversas competições. Na Taça de Portugal, prova que volta a juntar os dois clubes lisboetas no sábado, foram cinco golos em outros tantos jogos.
Mas, foi necessário esperar até à época de 1941/42 para que o avançado nascido em Humpata, Angola, a 10 de março de 1918, enfrentasse o Benfica na Taça de Portugal. Aconteceu nos quartos de final, o Sporting venceu por 4-0 e Peyroteo marcou o segundo golo.
Na temporada seguinte, voltaram a encontrar-se, desta vez no Campo do Lumiar, outrora terreno do Sporting e à época casa dos 'encarnados', que venceram por 3-2, num jogo das meias-finais em que Peyroteo ficou em 'branco'.
Em 1944/45, de novo na meia-final, então disputada a duas mãos, o Benfica venceu fora o primeiro jogo, por 2-1, e o avançado 'leonino' não marcou, mas redimiu-se no segundo, ao fazer um 'bis' no triunfo do Sporting por 3-2. O agregado de 4-4 forçou um jogo de desempate que os 'verde e brancos' ganharam por 1-0, sem Peyroteo, avançando para a conquista da Taça com um triunfo na final sobre o Olhanense (1-0).
O Sporting voltaria a erguer o troféu em 1947/48, batendo o Belenenses na final (3-1), mas só depois de eliminar o Benfica outra vez nas meias-finais, graças a um triunfo por 3-0, com dois golos de Peyroteo, que então formava os 'cinco violinos' com Jesus Correia, Vasques, Albano e Travaços, a famosa linha avançada 'leonina' do final dos anos 40.
Este seria o seu último jogo frente ao Benfica na Taça e o treinador do Sporting era então Cândido de Oliveira, que definiu um dia Peyroteo como "o mais extraordinário avançado-centro" de Portugal. Retirou-se na época seguinte, aos 31 anos, com cinco títulos de campeão nacional, quatro conquistas da Taça de Portugal e uma no Campeonato de Portugal, a competição que antecedeu a Taça.
Fernando Baptista de Seixas de Vasconcelos Peyroteo morreu de ataque cardíaco, a 28 de novembro de 1978, com apenas 60 anos. A 10 de março de 2006, em ano de centenário do clube e no dia em que, se fosse vivo, comemoraria o 88.º aniversário, o Sporting homenageou-o com o descerramento de uma placa em Alvalade. No sábado, volta a lembrar o seu goleador.