O hondurenho Alfredo Hawit e o paraguaio Juan Angel Napout, vice-presidentes da FIFA que hoje foram detidos em Zurique no âmbito da investigação a corrupção no organismo, recusam a extradição para os Estados Unidos.
“Os dois dirigentes da FIFA detidos em Zurique, com mandado do gabinete federal de Justiça, foram também ouvidos pela polícia de Zurique, face ao pedido de prisão pelos Estados Unidos. Eles opõem-se à extradição para os Estados Unidos”, refere em comunicado a justiça suíça.
Hawit liderava interinamente a Confederação da América do Norte, Central e Caraíbas (CONCACAF), enquanto Napout é o presidente da Confederação Sul-Americana (CONMEBOL).
O governo suíço já tinha anunciado hoje de manhã que dois dirigentes da FIFA tinham sido detidos hoje em Zurique, na sequência do escândalo de corrupção da organização desportiva.
“Os dirigentes de alto nível da FIFA receberam alegadamente dinheiro em troca da venda de direitos de comercialização relacionados com torneios de futebol na América Latina, bem como dos jogos para as qualificações do Mundial”, disse o Ministério da Justiça da Suíça, em comunicado.
O anúncio foi feito depois de o New York Times ter hoje publicado que foram detidas mais de uma dezena de pessoas relacionadas com a investigação das autoridades judiciais dos Estados Unidos da América à alegada corrupção no seio da Federação Internacional de Futebol (FIFA).
O ministério confirmou novas detenções, mas apenas fez referência a dois casos que tiveram por base “pedidos de detenção apresentados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos a 29 de novembro de 2015”.
Os dois “são suspeitos de terem recebido subornos”, disse o ministério.
“De acordo com os pedidos de detenção dos Estados Unidos, são suspeitos de terem aceitado subornos de milhões de dólares (…) Alguns dos crimes foram acordados e preparados nos Estados Unidos. Os pagamentos também foram processados através de bancos norte-americanos”, indica o comunicado.
Entretanto, a FIFA já confirmou "ações" levadas a cabo hoje pela justiça norte-americana e garantiu que continuará a "cooperar plenamente" com as investigações das autoridades dos EUA e da Suíça.
A FIFA foi abalada por um escândalo de corrupção em maio, a dois dias da reeleição de Joseph Blatter como presidente do organismo máximo do futebol mundial, num processo aberto pela justiça dos Estados Unidos e que levou à acusação de 14 dirigentes e ex-dirigentes.
No início de junho, Blatter apresentou a demissão, abrindo o caminho para novas eleições, que foram marcadas para 26 de fevereiro de 2016.
A 25 de setembro, o Ministério Público suíço instaurou um processo criminal a Blatter, que foi interrogado na qualidade de arguido, por suspeita de gestão danosa, apropriação indevida de fundos e abuso de confiança.
A 08 de outubro, Blatter, o secretário-geral da FIFA, o francês Jérôme Valcke, e o presidente da UEFA, o também francês Michel Platini, foram suspensos provisoriamente por 90 dias pelo Comité de Ética da FIFA, por implicação no escândalo de corrupção que atingiu a instituição.
Na base das suspensões estão os inquéritos que decorrem no próprio órgão da FIFA, ainda que vários outros responsáveis do organismo mundial estejam também a ser investigados pelas autoridades suíças e norte-americanas.