O setor das telecomunicações voltou a animar-se em 2015, com a NOS a ganhar a batalha à Meo pelos direitos de transmissão dos jogos em casa do Benfica, no ano de concretização da venda da PT Portugal à Altice.
A conclusão da venda da dona da Meo aos franceses da Altice pela brasileira Oi e a compra da Cabovisão e da Oni pelo fundo de investimento Apax France foram dois momentos que marcaram o setor das telecomunicações.
No início deste mês o mercado voltou a animar com a assinatura do contrato de cessão de direitos de transmissão dos jogos de futebol em casa para a I Liga entre a NOS e o Benfica, que inclui ainda os direitos de transmissão e distribuição do canal Benfica TV (BTV).
A PT Portugal, através da Meo, tinha estado na corrida, mas a operadora resultante da fusão da Optimus com a Zon levou a melhor, ao conseguir um contrato que terá início na época 2016/2017 e uma duração inicial de três anos, podendo ser renovado até um total de 10 épocas, com uma contrapartida financeira global de 400 milhões de euros.
Durante o 25.º Congresso das Comunicações, organizado pela APDC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, a 25 de novembro, a questão dos conteúdos aqueceu o debate entre os operadores, quando o presidente executivo da PT Portugal, Paulo Neves, afirmou que a empresa queria "todos os conteúdos".
A reação do presidente da NOS, Miguel Almeida, surgiu de imediato: "Agiremos em conformidade quando temos um concorrente que está a quebrar nas palavras e ações o equilíbrio existente".
Por sua vez, o presidente da Vodafone Portugal, Mário Vaz, alertou para uma eventual penalização do mercado.
Poucos dias depois, o acordo entre a NOS e o Benfica era anunciado, prometendo animar a 'batalha' pelos conteúdos.
O presidente da NOS admitiu ainda a possibilidade de estabelecer acordos com os principais rivais do Benfica: FC Porto e Sporting
Entretanto, a PT Portugal continua a negociar com a SIC e a TVI a renovação do acordo de distribuição destes canais na sua plataforma paga, facto que já levou a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) a manifestar a sua preocupação com o impasse das negociações e admitiu recorrer ao mecanismo legal das obrigações de transporte.
Para já, apenas a RTP chegou a acordo com a Meo.
No campo dos investimentos, a PT Portugal anunciou no início de novembro que pretende alargar a cobertura de rede de fibra ótica a três milhões de casas até 2020, com o objetivo de atingir 5,3 milhões de euros, mas não revelou valores.
O ano ficou ainda marcado por desenvolvimentos no caso Rioforte, quando a Pharol SGPS (antiga PT SGPS, que mudou de nome este ano), entrou com uma ação judicial contra os seus antigos administradores Henrique Granadeiro, Pacheco de Melo e Amílcar Pires e admitiu poder vir a alargar o leque a Zeinal Bava, antigo presidente da PT.
Em causa estão os investimentos de 897 milhões de euros nos instrumentos da Rioforte, do Grupo Espírito Santo (GES).
A polémica em torno deste caso fez com que fosse alterado o destino da PT Portugal que, de potencial operadora lusófona, passou a integrar a multinacional francesa Altice, que a comprou a 01 de junho por 5,7 mil milhões de euros.
Como contrapartida e por questões regulatórias, a Altice foi obrigada a vender a Cabovisão e a Oni. As duas operadoras foram compradas pelo fundo de 'private equity' Apax France por um valor não divulgado, aguardando o mercado desenvolvimentos sobre a estratégia.
O fundo já tinha sido coinvestidor com a Altice na Cabovisão no passado, nomeadamente quando a multinacional francesa comprou a operadora, em 2011, por 45 milhões de euros, acordando com a Apax que esta comprasse 40% da empresa. No entanto, mais tarde, em 2013, a Altice voltou a recuperar a posição do fundo.