Nos últimos tempos muito se tem falado dos treinadores de futebol. Mourinho, Zidane, Guardiola, Jorge Jesus, Rui Vitória ou Lopetegui, são muitos os treinadores a serem notícias todos os dias no mundo do futebol. Uns com mais sucesso outros com menos, mas todos são, cada vez mais, parte essencial do jogo. Nos últimos 20 anos, o papel do treinador de futebol mudou muito.
Se analisarmos as notícias sobre futebol, nas últimas semanas, a grande maioria tem como origem, direta ou indireta, os treinadores de futebol. Mais do que os jogadores são os treinadores que preenchem o espaço noticioso.
Senão vejamos: nunca se falou tanto de Mourinho como após a sua saída do Chelsea. Depois foi a vez de Guardiola, quando anunciou que sairia do Manchester City no final da presente temporada. Por ligação, Ancelotti foi o escolhido para substituir o catalão no Bayern de Munique. Por cá, a 'guerra' de palavras entre Rui Vitória e Jorge Jesus muito tem dado que falar e para completar o espaço mediático tivemos, esta semana, o despedimento de Lopetegui no FC Porto. Como podemos verificar, os treinadores têm sido os principais protagonistas das notícias desportivas.
É caso para perguntar: estarão os jogadores a perder espaço mediático? Não me parece. O que se verifica é que nunca como nos dias de hoje o treinador foi tão importante numa equipa de futebol e, por conseguinte, na estrutura de um clube. Não é por acaso que os melhores treinadores do mundo são pagos a peso de ouro.
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Nas últimas décadas o papel do treinador tem mudado substancialmente. Hoje, embora seja ele o principal responsável por tudo o que de bom ou mau a equipa é capaz de produzir, já não é um homem só. Há 50 ou 40 anos atrás o treinador era tudo: preparador físico, treinador de guarda-redes, etc. No futebol atual é impensável tal acontecer. Um treinador de futebol rodeia-se de uma equipa que o ajuda a desenvolver as tarefas necessárias e que o ajudam a concentrar-se exclusivamente nos aspetos do jogo e do funcionamento do grupo.
É claro que os indicadores mais importantes na vida de um treinador de futebol ainda são os fundamentos táticos e técnicos do jogo, mas, nunca como hoje, a vertente psicológica e comunicacional foi tão importante. As gerações de jogadores não são as mesmas. Treinar jogadores como Luís Figo ou Rui Costa não é o mesmo que treinar atletas como Cristiano Ronaldo ou Nani.
O que se passou com José Mourinho no Chelsea é disso paradigmático. No Inter de Milão ou no FC Porto o treinador português conseguiu agarrar um grupo de trabalho e os sucessos foram aparecendo, época após época. No Chelsea nada disso se passou. É inegável que o fracasso de Mourinho nesta segunda passagem pelo clube inglês se deveu sobretudo ao grupo de jogadores. Atletas que não queriam ser chamados à atenção em público e que após terem sido campeões não foram capazes de se reinventarem para conseguirem ir à luta por outros objetivos.
Algo que deve dar que pensar, porque o que se passou com Mourinho não é um caso único. O técnico português não ficou incompetente de repente. A forma de liderança é que não pode ser a mesma porque a atual geração de jogadores também é distinta. Como motivar, hoje, jogadores que aos 18 anos têm contratos milionários e vidas de luxo e que são 'protegidos' por empresários que, na sua grande maioria, não olham a nada a não ser aos seus interesses?
A vida de um treinador nunca foi fácil, mas é hoje muito mais difícil. Para se ter sucesso é preciso jogar bom futebol, ganhar jogos, comunicar bem e agradar a jogadores, adeptos e à direção e, se possível, ainda trazer algum dinheiro para o clube. Muitas responsabilidades na vida de um único homem. Nunca como agora o treinador foi tão essencial num clube de futebol, mas também nunca como hoje teve tão pouco tempo para mostrar as suas capacidades.
Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.