O Tribunal de Guimarães profere hoje a sentença de dois homens acusados de agredirem, com socos, pontapés e facadas, quatro adeptos do Sporting, no final de um jogo de futebol, em novembro de 2014, naquela cidade.
Um dos arguidos, atualmente com 21 anos, está acusado de um crime de homicídio qualificado, na forma tentada, por ter esfaqueado uma das vítimas no tórax, uma zona do corpo que, como sublinha a acusação do Ministério Público (MP), “aloja órgãos vitais”. O mesmo arguido responde ainda por três crimes de ofensa à integridade física qualificada e por um crime de detenção de arma proibida.
No mesmo processo, é também arguido um jovem de 19 anos, acusado de quatro crimes de ofensa à integridade física qualificada.
Os factos remontam à noite de 01 de novembro, no final do jogo de futebol entre o Vitória de Guimarães e o Sporting, para a nona jornada da I Liga, que a equipa minhota venceu por três bolas a zero.
De acordo com a acusação, quatro adeptos do Sporting, oriundos de Mirandela e trajando adereços alusivos ao clube de Alvalade, foram abordados, na rua, pelos dois arguidos, que envergavam bonés e casacos alusivos ao Vitória de Guimarães e que estavam acompanhados por mais “6 a 7” pessoas, que as autoridades não conseguiram identificar.
Os ofendidos foram agredidos com socos e pontapés, mas dois conseguiram entretanto fugir do local, enquanto os outros dois ficaram “cercados” pelos agressores.
Um dos arguidos sacou de uma navalha de 8,50 centímetros, de abertura automática mediante mecanismo de mola, e deu uma navalhada no tórax a um dos ofendidos e duas numa omoplata a outro.
Mesmo depois de os ofendidos estarem no chão a sangrar, os arguidos “continuaram a dar-lhes socos e pontapés”, só abandonando o local após terem sido avisados de que a polícia estava a chegar.
A acusação de homicídio qualificado, na forma tentada, refere-se ao caso do adepto que foi esfaqueado no tórax, já que se trata de uma zona do corpo “que aloja órgãos vitais”.
O arguido “previu que poderia matar, resultado com o qual se conformou e quis”, refere a acusação, sublinhando que a navalha utilizada era “um meio especialmente idóneo” para provocar lesões graves.
O MP sublinhou que os arguidos agiram “de forma inesperada, sem qualquer provocação e impulsionados por motivo fútil”, traduzido “na mera disputa clubística”.
O arguido acusado de desferir as navalhadas está a aguardar julgamento em prisão domiciliária, com vigilância eletrónica, mas antes esteve em prisão preventiva.