No meio do turbilhão de más notícias que vai assolando o Manchester United, os últimos dias registaram o nascimento de uma estrela. Marcus Rashford é o seu nome. Tem somente 18 anos e bisou nos últimos dois jogos dos 'red devils'. Por sinal, o derradeiro par de partidas também marcou a estreia do jovem atleta pela equipa do Norte de Inglaterra.
Quatro golos de quinta-feira a domingo é um facto sempre interessante, causando ainda mais impacto por terem surgido pelos pés de um até então desconhecido.
Para além disto, o contexto desses golos também contribuiu para um 'hype' perfeitamente natural: Marcus Rashford bisou 'apenas' na segunda-mão de uma eliminatória europeia até então desfavorável para o Manchester United e no clássico frente ao Arsenal. Em ambos os casos, Rashford foi decisivo para a vitória de um gigante que precisa desesperadamente de encontrar motivos para sorrir.
Se é certo que nasceu uma estrela, mesmo não se sabendo por quanto tempo, como deve ser essa estrela enquadrada? O que deve o clube dizer sobre um talento que está a criar tantas expectativas? E quem não se lembra do que se aventou há três temporadas sobre a promessa por cumprir que é Adnan Januzaj, quando este se estreou pelos 'red devils'?
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Jogadores com talento há muitos. Jogadores capazes de traduzir esse talento em boas e consistentes decisões, adotadas dentro de um jogo coletivo e de uma carreira longa, já são consideravelmente mais raros. Com todo o mediatismo que se gera, não é difícil imaginar que serão múltiplos os motivos de distração para alguém como Marcus Rashford: jovem, promissor e, sobretudo, na moda. Assim sendo, o que se deve dizer a alguém que está nos píncaros, à custa de quatro golos importantes?
A resposta só pode ser uma: depende do jogador. O perfil do atleta será o principal critério de avaliação. A capacidade que tem em lidar com a pressão, o grau de literacia mediática, o perfil psicológico, enfim, tudo aquilo que o constitui como homem é que determinará o que faz sentido dizer a alguém elevado ao estatuto de herói. Há, ainda assim, um conjunto de coisas que podem ser generalizadas: o que se diz sobre esse alguém.
Tendo em conta que Rashford é um entre muitos, acredito que a compatibilização da novidade com a realidade do clube deve ser tentada. Dito isto, por muito tentador que seja embarcar na euforia gerada por uma boa-nova em tempo de más notícias, o Manchester United não deve abdicar de contextualizar a sua recente estrela: como sempre deve acontecer, o todo não pode ser preterido em favor da parte.
Assim sendo, uma organização gigante em crise não se pode dar ao luxo de alimentar histerismos. A exposição do atleta não pode nunca passar a ser o centro da vida pública de um clube como o Manchester United. Qualquer organização que o faça, que se coloque na penumbra de uma das suas partes, está a subalternizar-se, mostrando fraqueza e perdendo reputação em favor desse seu elemento constituinte.
Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.
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