É consensual. Muitos são aqueles que consideram a Premier League como um dos melhores campeonatos do mundo. Há mesmo quem diga que é o número um, que acima do ambiente do futebol inglês não há nada. Gostos são gostos e não se discutem. Certo é que a Premier League é mesmo um campeonato muito especial. O principal escalão do futebol britânico não deixa ninguém indiferente. Mas afinal o que faz da Premier League um campeonato assim tão apetecível?
Uma Liga unida: 20 equipas que funcionam como um todo
«Queremos oferecer o melhor espetáculo possível». Esta frase é repetida inúmeras vezes por Richard Scudamore, o diretor geral da Premier League. É esta noção de espetáculo que define a estratégia do principal escalão do futebol inglês. Para isso foi necessário criar um campeonato competitivo, algo que só foi possível porque todos os clubes remaram para o mesmo lado. Na Premier League não há clubes grandes e pequenos. Uma situação muito diferente do que se vê, por exemplo, em Espanha e Portugal.
Para tal, muito contribuíram as receitas das transmissões televisivas. A Premier League será, na próxima época, o campeonato mais valioso do mundo. Os 20 clubes que compõem o principal escalão do futebol britânico irão receber cerca de 7 mil milhões de euros, um valor que será dividido entre todos de forma equitativa. Esta é uma das principais premissas da Premier League. Não é só o chamado 'BigFour' (Manchester United, Arsenal, Liverpool e Chelsea) que lucra com tanto dinheiro, clubes que se encontram no fundo da tabela também vão receber milhões.
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Dois exemplos: 1) na época passada o Queens Park Rangers ficou no último lugar da Premier League e recebeu 83 milhões de euros, um valor muito acima dos 61 milhões encaixados pelo Barcelona quando este venceu a Liga dos Campeões. Algo inimaginável; 2) Todos os anos é disputado um torneio amigável, a Premier League Asia Cup. Torneio que serve para promover a marca ‘Premier League’, assim como os clubes ingleses, no mercado asiático. No mesmo já participaram Manchester City, Arsenal ou Chelsea, mas também Portsmouth, Blackburn, Hull City ou Stoke. Todos são chamados a contribuir e todos saem beneficiados com isso.
Um campeonato à americana
Muito do que se faz na Premier League é baseado no modelo do desporto norte-americano. Certos patrões de alguns clubes ingleses são americanos e muitos deles têm participações em clubes da NFL, NHL ou NBA. É por isso normal que tentem replicar no futebol inglês muito daquilo que é feito nos Estados Unidos da América.
Por exemplo, os clubes ingleses recusaram, muito recentemente, 57 milhões de euros da Diageo - uma empresa de bebidas alcoólicas, dona da Guiness, entre outras marcas – para patrocinar a Premier League. Uma oferta que poucos se dariam ao luxo de recusar, mas a estratégia dos 20 clubes passa por aproveitar o nome ‘Premier League’ de forma isolada, igual àquilo que se faz com a NBA ou a NFL, de forma a potenciar ainda mais uma marca que se quer cada vez mais forte e global. Um novo modelo de branding que promete um retorno financeiro ainda maior.
As estrelas são os treinadores
Claro que a Premier League gostaria de poder contar com jogadores como Messi, Cristiano Ronaldo, Lewandowski, James, Müller ou Bale, mas, em Inglaterra, sabe-se que é difícil fazer frente aos apelos de Barcelona, Real Madrid ou Bayern de Munique. Se olharmos para a lista dos melhores marcadores do principal escalão do futebol inglês vemos, esta época, nomes como Vardy, Kane, Lukaku ou Ighalo. Nomes pouco apelativos no futebol mundial. Como a dificuldade em ter os melhores é grande, em Inglaterra decidiu-se apostar noutra estratégia: contratar os melhores treinadores do mundo!
Na próxima época a Premier League arrisca-se a ter os melhores treinadores do planeta futebol. Klopp já está no Liverpool, Guardiola está a caminho do Manchester City e José Mourinho é a hipótese mais forte para o banco do rival United. No Chelsea fala-se em Diego Simeone ou António Conte e Wenger ainda se deverá manter mais uns tempos no Arsenal. Nomes que prometem trazer com eles muitos craques e que irão certamente dar outra dimensão ao futebol inglês.
Quem gosta de futebol gosta da Premier League e é por tudo isto que, cada vez mais, este é um campeonato muito especial. Se não acredita basta estar atento ao que o Leicester está a fazer esta época. De um 14.º lugar na temporada passada os ‘Foxes’ estão a lutar, este ano, nada mais nada menos do que pelo título de campeão. Imprevisibilidade, muitos golos, bom ambiente nos estádios e muito espetáculo. Estes são os indicadores do sucesso de uma marca cada vez mais procurada.
Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.