Sandra Bastos e Olga Almeida consideram que a arbitragem feminina de futebol está em Portugal ao nível dos outros países, o que as faz partilhar o sonho de dirigirem jogos dos campeonatos da Europa e do mundo.
"A arbitragem feminina em Portugal evoluiu bastante e está praticamente ao nível dos outros países", disse à agência Lusa Sandra Bastos, no final de treino no Estádio Algarve, em Faro, onde participa na Algarve Cup, torneio que junta várias seleções de futebol feminino.
Para Sandra Bastos, árbitra principal que integra o Grupo de Elite FIFA desde 2015, a prova dessa evolução, é haver neste momento três árbitros principais internacionais e quatro assistentes, o que demonstra o valor das ‘juízas’ lusas.
"O futuro é risonho e quem sabe se no futuro possamos constituir equipas mistas [homens e mulheres] para arbitrar jogos", vaticinou Sandra Bastos, assegurando que "integrar equipas mistas e arbitrar jogos dos campeonatos seniores não causa qualquer apreensão, porque a linguagem do futebol é universal".
Sandra Bastos ingressou na arbitragem depois de uma paragem forçada enquanto jogadora, devido à desistência, por dificuldades financeiras, da equipa onde jogava: "O futebol é a minha paixão e queria manter-me ligada ao futebol, daí a minha decisão em ir para árbitro".
"Ser árbitro é a minha realização pessoal. Quando estou dedicada, esqueço-me de tudo o resto, concentrando-se apenas nos treinos, nos técnicos e jogadores", destacou.
Depois de atingir o Grupo de Elite FIFA em 2005, a árbitra principal internacional portuguesa espera agora ser convocada para participar em provas internacionais.
"Depois de conseguir a Elite, o objetivo é estar presente numa fase do Campeonato do Mundo e numa final da ‘champions'. Já demonstrámos que a arbitragem portuguesa tem competência e somos capazes de fazer tudo", concluiu.
A árbitra assistente Olga Almeida partilha da mesma opinião: "Temos competência e capacidade para dirigir qualquer jogo, seja masculino ou feminino".
Olga Almeida, que se iniciou na arbitragem em 2000, considera que "a competência não tem nada a ver com o género, daí não haver diferenças entre homens e mulheres".
"Não é fácil ser-se árbitro. Ser árbitro mulher é ainda mais complicado devido a alguns complexos da nossa sociedade em aceitar as mulheres neste meio", destacou.
Olga Almeida disse que apesar de ter atingido um "patamar de felicidade" ao longo dos 15 de carreira, o futuro passa por continuar a trabalhar e "tentar alcançar um lugar nos campeonatos do mundo e Europa".
A árbitra assistente disse ainda que a Algarve Cup de futebol feminino tem sido uma experiência "enriquecedora, ao permitir trabalhar com técnicos e árbitros de atingiram patamares de topo", tornando-se numa mais-valia para a arbitragem portuguesa.
Por seu turno, Manuel Navarro, vice-diretor do departamento de arbitragem da FIFA, considera que Portugal "já tem bons árbitros femininos".
Aquele responsável disse que a FIFA tem um novo enfoque para o futuro: "Ter homens e mulheres juntos a arbitrar jogos de futebol".
"As regras do jogo são as mesmas e a arbitragem tem a mesma filosofia", destacou.
Manuel Navarro anunciou que a FIFA começa este ano "a fazer seminários mistos com os árbitros candidatos para aos campeonatos mundiais de futebol, Mundial Feminino de França de 2019 e Mundial masculino da na Rússia em 2018, porque é sua intenção no futuro ter equipas mistas a arbitrar".