O secretário de estado do desporto da Guiné-Bissau, Conduto de Pina, disse hoje que pondera retirar o estatuto de utilidade pública à federação do futebol, que acusa de irresponsabilidade e esbanjamento de dinheiro público.
Em declarações a uma radio de Bissau, Conduto de Pina acusou de forma implícita o presidente da federação guineense de futebol, Manuel Nascimento Lopes, de, ao invés de gerir a instituição, “passa a vida a insultar o governo”.
“Tem que haver disciplina e organização na federação [de futebol], que tem de prestar contas do dinheiro que recebe do estado, caso contrário, poderá ser retirado o estatuto de utilidade pública”, defendeu o governante.
O secretário de estado da juventude, cultura e desporto acusou a federação de “gastar muito dinheiro público” com os jogos da seleção, “mas sem resultados práticos”.
Conduto de Pina acusou a federação guineense de gastar dinheiro equivalente às deslocações da seleção portuguesa para, por exemplo, ir jogar à Rússia, mesmo sabendo que aluga os aviões para as viagens.
“A federação gasta com a seleção mais de 100 milhões de francos CFA por cada jogo [cerca de 12.000 euros], esse dinheiro dava para resolver os problemas nos hospitais”, sublinhou o governante, para denunciar o que diz ser irresponsabilidade por parte da federação que deve ser corrigido, notou.
“O que se passa na nossa federação não acontece em mais nenhuma federação do mundo”, observou Conduto de Pina, apontando o facto de a federação ter “mandado embora” o treinador português Paulo Torres “sem razão plausível”.
Para Conduto de Pina, a federação “não tem razão” com a forma como quer despedir Paulo Torres, que afirma, fez a Guiné-Bissau subir no ‘ranking’ da FIFA de 190.º para 149.º lugar.
Paulo Torres “teria toda razão se apresentar uma queixa na FIFA contra a Guiné-Bissau”, observou o mesmo responsável.
A federação guineense anunciou no final do mês de fevereiro ter dispensado os serviços de Paulo Torres, chamando para o seu lugar Baciro Candé, o treinador do Sporting da Guiné-Bissau.
Divergências entre o Governo e federação levaram a suspensão dos jogos do campeonato de futebol.