O treinador português Carlos Queiroz, que está demissionário do cargo de selecionador de futebol do Irão, criticou hoje o facto de ainda se estar a debater a sede e as instalações da seleção, que orienta até ao final de abril, e a falta de apoio institucional.
Em carta aberta na sua página oficial na rede Facebook, o técnico português, que resignou ao cargo a 14 de fevereiro, sublinha que “nada mudou para a seleção, nada está a ser feito pelo seu futuro”, mesmo depois de se ter apurado para a segunda fase de qualificação para o Mundial de 2018, na Rússia.
“A verdade é que, 150 dias antes de o Irão começar a jogar a qualificação, recebendo o Qatar ou o Iraque, ainda estamos a debater e argumentar sobre as condições e as instalações da seleção”, esclareceu.
Queiroz constatou, quando se demitiu, que a sua presença estava a ser “um entrave para que cheguem à federação iraniano os recursos básicos necessários à preparação ideal da equipa, os quais já tinham sido acordados”.
Hoje reavivou essa questão: “As razões [da resignação] são sobejamente conhecidas e exclusivamente relacionadas com as condições de trabalho: promessas permanentemente quebradas, falta de apoio à seleção, aos nossos jogadores, às nossas instalações e à federação, que não eram compatíveis com as nossas ambições para a qualificação”.
“Estamos a lidar com pessoas que pensam que os outros são realmente estúpidos e que só elas foram abençoadas com cérebro. Mas não somos estúpidos, os jogadores não são estúpidos, nem os adeptos iranianos”, afirmou Queiroz.
Sem referir o ‘alvo’, o treinador português, que abandona o cargo no último dia do mês, assume: “Nestes últimos dias, neste belo país, encontro-me muito triste, não pela minha situação, mas porque nada mudou para a seleção, nada está a ser feito pelo seu futuro”.
“O passado é a arquitetura do futuro. Mas não podem viver simultaneamente. É altura de escolher entre a estagnação ou a inovação, a inércia ou a aventura, as desculpas ou o sucesso”, concluiu.