Sporting vai apresentar à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e aos tribunais os factos apontados pelo vice-presidente do Benfica, Rui Gomes da Silva, sobre a situação financeira do clube, para que aquelas instituições “ajam em conformidade”.
Esta posição, hoje divulgada em comunicado, surge na sequência de outro tornado público na terça-feira pela Doyen Sports, no qual este fundo de investimento prometia prestar todos os esclarecimentos para que, em especial os associados 'leoninos' e os acionistas da SAD “percebam até onde vai a falsidade e constantes contradições entre o que [o presidente do Sporting] Bruno de Carvalho diz, faz e manda fazer".
Os ‘leões’ acusam Rui Gomes da Silva de violar disposições legais ao afirmar publicamente que “as contas do Sporting não estão penhoradas mas estão congeladas” e que o clube “não terá nenhuma capacidade caso se mantenha a situação”.
O Sporting diz que essas declarações foram a base de notícias tituladas como “Rui Gomes da Silva diz que Sporting não tem capacidade para pagar à Doyen” ou “Sporting não tem dinheiro para pagar à Doyen”, nas quais aquele dirigente do Benfica desafia Bruno de Carvalho a colocar na rede social Facebook, integralmente, o texto que entregou no Tribunal Federal Suíço para justificar a impossibilidade que o Sporting tem para pagar aqueles montantes.
“Tais declarações são suscetíveis de produzir um impacto direto relevante sobre a Sporting SAD e sobre os valores mobiliários por si emitidos, bem como sobre o respetivo preço, constituindo a sua divulgação um ilícito muito grave nos termos do Código dos Valores Mobiliários (CVM)”, pode ler-se no comunicado emitido hoje pelos ‘leões’.
O dirigente do Benfica não é o único visado pelo Sporting, que acusa outra personalidade ligada ao clube da Luz, Jaime Antunes, a quem retrata como “figura intermitentemente usada pelo Benfica para veicular posições”, por ter afirmado à Rádio Renascença que o clube “vendeu à pressa o Montero [avançado colombiano cujo passe foi negociado para o clube chinês Tianjin Teda em janeiro] para pagar as contas de tesouraria” e que “é uma evidência que o Sporting tem dificuldades e graves”.
O Sporting acrescenta que, a 26 de abril, e face à tranquilidade com que reagiu ao que qualifica como “tentativas de desestabilização”, a Doyen decidiu “vir a terreno com um comunicado em que beneficia do clima meticulosamente criado”, no qual “não desmente qualquer das afirmações de Bruno de Carvalho proferidas na assembleia geral do passado domingo.
“Nomeadamente as que dizem respeito à tentativa de ingerência da Doyen na gestão do clube e à forma como o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) usou as afirmações do Sporting CP e do Manchester United sobre a não inclusão dos salários de Nani no negócio Rojo para conclusões radicalmente opostas às expostas pelos clubes”, conclui o Sporting, acusando a Doyen de “violação flagrante do segredo de justiça” a que estão sujeitas as matérias que possam fazer parte do recurso que o clube apresentou.