Atualmente já ninguém se lembra da balbúrdia que era o Atlético de Madrid antes da chegada de Diego Simeone. Quando o treinador argentino chegou para substituir Gregorio Manzano, os 'colchoneros' eram sinónimo de confusão e de resultados modestos. Hoje são uma das mais fortes potências do futebol europeu.
Independentemente do prazer que o futebol de Diego Simeone possa proporcionar, uma coisa é certa: o antigo médio tem conquistado sucesso continuado. Assim sendo, os seus triunfos não podem dever-se apenas à sorte ou à lei das probabilidades: há ideias que resultam recorrentemente, por isso o mérito de Simeone tem de existir. Eu não tenho dúvidas em classificá-lo como enorme.
A caminho de completar a sua quarta época completa ao serviço dos madrilenos, Simeone terminou sempre no pódio da Liga Espanhola, chegando a sagrar-se campeão da La Liga em 2013-2014. Para além disto, já vai na sua segunda final da Liga dos Campeões.
Estes factos apenas servem para sublinhar os dados que mais importam, ou seja, os resultantes da avaliação qualitativa do seu trabalho. Hoje em dia pode-se falar de um jogar 'à Simeone' e de uma equipa que partilha totalmente as ideias do seu treinador. Simeone sabe o que quer e consegue que os seus públicos internos – os jogadores, sobretudo – partilhem as suas convicções. É, por isso, uma marca bem implementada, definida e reconhecida.
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O Atlético de Simeone é um dos mais perfeitos casos de consubstanciação de uma marca: os 'colchoneros' são a expressão do caráter que nos habituámos a ver no Simeone jogador, mas com intérpretes de superior qualidade. Os atletas mostram-se dispostos a partilhar as ideias do treinador em todos os momentos, mostram-se dispostos em colocar o seu talento à disposição de ideias muito específicas. São regulares não só no sucesso, mas também nos comportamentos, são uma manifestação recorrente do ‘cholismo’.
Para além dos seus próprios jogadores, ‘El Cholo’ Simeone tem sabido conquistar outros públicos do futebol: tal como Mourinho, Guardiola ou Klopp, o treinador argentino representa um conjunto de valores e uma forma de estar. Ou seja, é uma marca que vai muito para lá do campo de futebol. Também por isto é verdadeiramente de elite.
PS: É impossível não referir-me à Premier League recentemente conquistada pelo Leicester City. Este é um triunfo verdadeiramente excecional, já que se afigura como cada vez mais difícil o surgimento de surpresas no futebol. E estas continuam a ser necessárias para manter o jogo como um espaço de sonho. Apesar dos discursos de fachada, que não haja dúvidas: os grandes patrões do futebol europeu (UEFA e os clubes que querem cada vez mais concentrar em si os capitais do jogo) não ficaram satisfeitos com a conquista do título pelos 'foxes'. Isto porque a rentabilidade imediata (e só esta) há muito que suplantou o mérito desportivo, a superação ou a emoção na indústria do futebol. Também por se ter ganho uma batalha a esta lógica devemos estar felizes.
Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.