Victor Sanchez del Amo, treinador do Deportivo da Corunha, acusou hoje, numa conferência de imprensa em que abordou os conflitos internos no plantel, o futebolista português Luisinho de o ameaçar.
O técnico da equipa galega justificou a revelação com o a necessidade de "pôr cobro a mais especulações", na sequência de declarações do agente de Luisinho, acusando Victor Sanchez de tentar destruir a carreira do seu representado, e de declarações públicas de vários jogadores que indiciam a existência de divisões no balneário.
Victor Sanchez lembrou ter sido avisado, quando assumiu o comando técnico a oito jornadas do fim da época passada, de “situações conflituosas” entre o jogador português e “colegas de equipa e funcionários do clube” e sobre o seu “caráter agressivo e difícil de controlar”.
Segundo Sanchez, o problemas começaram logo na segunda partida em que orientou a equipa e o primeiro em que pôde contar com Luisinho, frente ao Atlético Madrid.
“Quando estamos a perder, procuramos alterar o que está mal e para isso é preciso fazer substituições. E quando isso acontece, os jogadores com o perfil de Luisinho exaltam-se e pedem explicações no balneário, faltando ao respeito ao treinador”, disse Victor Sanchez, acrescentando que o português “não pediu desculpas ao grupo” após esse episódio.
O técnico aludiu ainda ao jogo frente ao Elche, após uma derrota de 4-0, no qual Luisinho “fez um escândalo no balneário”, atitude que o treinador diz ter “passado por cima em nome dos interesses da equipa”.
Face ao que se passara na época transata, recordou Sanchez, o corpo técnico decidiu na presente temporada introduzir um código de conduta interna que viria a ser aplicado, pela primeira vez, em agosto, na sequência de um incidente entre Alejandro Arribas e Luisinho, que se travaram de razões no relvado e, posteriormente, no balneário.
“O Luisinho provocou uma segunda luta no balneário, que terminou com um golpe nas costas do guarda-redes Lux, e já tinha lesionado com gravidade Fabricio”, referiu o treinador do Deportivo.
Na sequência do incidente, Luisinho foi suspenso por quatro dias e quando foi reintegrado, lembrou Sanchez, o seu comportamento foi “muito bom” até que, no mercado de inverno, lhe pediu para o ajudar a sair do clube.
“Disse-lhe que teria de comunicar isso ao clube e não ao treinador. A partir daí a sua atitude mudou. Quando percebia que não ia jogar, às sextas-feiras aparecia sempre com dores nos joelhos, mas às segundas-feiras já estava disponível para jogar, situação que ocorreu várias vezes”, contou Victor Sanchez, acusando Luisinho de o ameaçar que lhe iria criar muitos problemas se não o pusesse a jogar.
O treinador da equipa galega disse que Luisinho se tem "esforçado por cumprir a ameaça" e lembrou um episódio ocorrido na semana anterior ao jogo com o Getafe, em finais de abril, que ele considera "o maior ato de indisciplina" do português.
“No balneário reclamou uma multa para Lucas Pérez e Oriol Riera [colegas de equipa], que tinham tido um desentendimento fruto de alguma tensão”, disse.
Segundo Sanchez, quando lhe foi comunicada a sanção pelo incidente, houve uma “discussão tremenda”, na qual “não se calou, faltando ao respeito aos companheiros, ao treinador e desobedeceu ao diretor desportivo”.
Perante esse ato de rebeldia, Sanchez assegura que lhe deram oportunidade de se acalmar, não tendo aceitado o conselho, obrigando a “excluí-lo do treino e a abrir outro processo disciplinar”.
“Demos muitas oportunidades para que mudasse a sua conduta, que levou até, muitas vezes, o grupo a sentir-se ofendido”, disse Sanchez, para quem essa conduta “gerou muitos conflitos no balneário”, negando que “manipulasse os jogadores contra Luisinho”, como alegou o agente deste.