O Comité Olímpico de Portugal (COP) manifestou hoje “apreensão” face aos “potenciais casos de corrupção no fenómeno desportivo” na origem da operação 'Jogo Duplo', que resultou na detenção de 15 jogadores e dirigentes de futebol.
“O COP tem acompanhado com natural apreensão as recentes operações policiais relacionadas com potenciais casos de corrupção no fenómeno desportivo, reiterando a imperiosa necessidade de trazer à justiça eventuais prevaricadores e levar a cabo as medidas necessárias à salvaguarda da integridade no desporto”, pode ler-se em comunicado.
A organização recorda, de resto, que tem vindo a “manifestar sérias preocupações perante um conjunto de fragilidades na salvaguarda da integridade do desporto em Portugal”, que “expõem os seus agentes e organizações a um risco elevado de criminalidade organizada”.
No passado, lembram, foram lançados pelo COP diversos apelos “à premência em implementar um pacote robusto e concertado de medidas eficazes na prevenção e combate às diversas facetas de fraude e criminalidade no desporto”.
“Sendo o 'match-fixing' um fenómeno global, que em muito extravasa as competências das organizações desportivas, exigem-se respostas globais que requerem a colaboração permanente entre governos nacionais, autoridades judiciais, entidades desportivas, órgãos de polícia criminal, reguladores e operadores de apostas desportivas, conforme dispõe a Convenção do Conselho da Europa sobre a Manipulação de Competições Desportivas a que o Estado português se vinculou”, observam.
O COP manifesta ainda a sua “total disponibilidade de cooperação junto das autoridades nacionais”, considerando “a ameaça à ordem pública e aos valores fundamentais do desporto” e “num contexto assaz preocupante onde proliferam indícios de criminalidade”.
O Comité Olímpico anuncia ainda a realização a 31 de maio de uma sessão de apresentação do seu Código de Conduta sobre a Integridade nas Apostas Desportivas, onde diversas organizações desportivas assinarão um compromisso de honra para adotarem um conjunto de medidas internas de salvaguarda da integridade das suas competições.
As detenções pela Polícia Judiciária no âmbito da operação ‘Jogo Duplo’, por suspeitas de manipulação de resultados de jogos da II Liga de futebol, com recurso ao aliciamento de jogadores ocorreram no sábado.
Entre os detidos estão quatro jogadores do Oriental de Lisboa, quatro futebolistas da Oliveirense, o presidente e o diretor do Leixões, além de outras cinco pessoas com ligações ao negócio das apostas desportivas.
Num comunicado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) explicava que no processo investigam-se “factos suscetíveis de integrarem crimes de corrupção passiva e ativa na atividade desportiva”, envolvendo como suspeitos “dirigentes e jogadores de futebol” e outras com “ligações ao negócio das apostas desportivas”.
A operação ‘Jogo Duplo’ resultou nas detenções de quatro futebolistas do Oriental (João Pedro, André Almeida, Rafael Veloso e Diego Tavares), outros tantos da Oliveirense (Luís Martins, Pedro Oliveira, Ansumane e Hélder Godinho) e mais dois que alinharam na equipa de Oliveira de Azeméis esta época (Moedas e João Carela), agora no Estarreja.
O presidente da SAD do Leixões, Carlos Oliveira, e o diretor desportivo, Nuno Silva, o ex-futebolista Rui Dolores. ‘Aranha’ e Custódio, dois elementos associados aos SuperDragões, claque do FC Porto, também foram detidos pela Polícia Judiciária.
Os detidos são suspeitos de “manipulação de resultados de jogos da II Liga de Futebol, com recurso ao aliciamento de jogadores”, esclarece ainda a nota da PGR.
A operação ‘Jogo Duplo’ realizou buscas em 30 locais e envolveu mais de 70 inspetores e as detenções aconteceram depois dos jogos da última jornada da II Liga.