O novo seleccionador nacional de futebol da África do Sul, o brasileiro Carlos Alberto Parreira, chegou hoje de manhã a Joanesburgo para dar início à preparação da equipa dos ''Bafana Bafana'' para o Mundial de 2010.
A principal missão do técnico brasileiro foi reafirmada à chegada pelo director-executivo da federação sul-africana de futebol (Safa), Raymond Hack, que disse à comunicação social que ''não se podem esperar grandes vitórias desportivas nos próximos compromissos da selecção'' e que ''o importante é a construção de uma selecção forte para 2010''.
Enquanto Parreira passou pelos inúmeros repórteres presentes no aeroporto internacional de Joanesburgo sem um único comentário, sendo rapidamente transportado para a sua nova morada pelos novos patrões, a comunicação social voltava a preencher espaços consideráveis com a contratação do brasileiro e a sua missão, por muitos considerada ''quase impossível''.
Na sua maioria, os comentadores desportivos encaram com cepticismo a capacidade de a Federação sul-africana dar a Parreira condições de trabalho à altura das suas responsabilidades e do próprio salário milionário que lhe foi proposto.
Com efeito, o vencimento do novo seleccionador tem sido objecto de duras críticas por parte da Imprensa e dos próprios agentes do futebol do país, técnicos incluídos.
Rogério de Sá, o luso-sul-africano actual treinador do Santos da Cidade do Cabo, considerou mesmo ''um insulto'' os cerca de 200.000 euros de salário mensal oferecidos a Parreira, num país onde os profissionais não ganham nada que se pareça.
Alguns jornais locais têm realçado que o novo seleccionador nacional ganha mais num mês que o próprio presidente da República num ano, embora as críticas não sejam propriamente dirigidas a Parreira mas a quem o empregou, considerando que se espera agora do brasileiro que resolva problemas que a própria federação criou e amplificou ao longo de mais de uma década de má gestão.
Em artigo de opinião publicado na sua edição de quinta-feira, o jornal Citizen dava mesmo alguns conselhos a Parreira, recordando ao novo técnico a ''traição e indignidade'' recentes a que foi sujeito o antigo treinador português da selecção sul-africana Carlos Queirós, actualmente adjunto no Manchester United (Liga inglesa).
O articulista do Citizen aconselha o brasileiro a ''escolher bem a equipa técnica que o vai rodear, a não ceder a pressões e a ter cuidado com aqueles que o podem esfaquear pelas costas''.
Já hoje, numa peça referente à chegada de Parreira, a agência de notícias sul-africana Sapa pergunta se será possível a Parreira ''abrir uma nova era no futebol sul-africano enquanto os actuais dirigentes estiverem à frente da Federação de futebol do país''.
LUSA